Dos aliados aos adversários na vida politica. A morte de Diogo Freitas do Amaral motivou reações por parte de diversas figuras.
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O Presidente da república, Marcelo Rebelo de Sousa, reagiu através do site da Presidência manifestando "o seu mais fundo pesar pelo falecimento de Diogo Freitas do Amaral, um dos quatro Pais Fundadores do sistema político-partidário democrático em Portugal, como Presidente do Centro Democrático e Social".
Além de ter perdido "um grande amigo pessoal de meio século", o Presidente da República apresenta à sua família "a expressão de grande saudade" e de "gratidão".
Ferro destaca "grande dedicação à causa pública do "fundador" da democracia
O presidente da Assembleia da República afirmou que recebeu com "enorme consternação" a notícia da morte do antigo ministro Freitas do Amaral, "fundador do regime democrático" e cidadão com "grande dedicação" à causa pública.
"Fundador do nosso regime democrático, o professor Freitas do Amaral serviu Portugal e os Portugueses em diversas ocasiões", considera Ferro Rodrigues, numa nota enviada à agência Lusa.
Governo decreta luto nacional
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António Costa também reagiu à morte de Freitas do Amaral, lamentando a morte do fundador do CDS. "Acabou de falecer um dos fundadores do nosso regime democrático. À memória do rofessor Freitas do Amaral, ilustre académico e distinto Estadista, curvamo-nos em sua homenagem. Apresentamos à sua família, amigos e admiradores as nossas sentidas condolências", refere uma nota do gabinete de António Costa.
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A título pessoal, e como seu antigo colega de Governo, António Costa salienta que não pode deixar de recordar o muito que aprendeu "com o seu saber jurídico, a sua experiência e lucidez política e o seu elevado sentido de Estado e cultura democrática, que sempre praticou".
No Twitter, António Costa lamentou o falecimento de "um dos fundadores" do regime democrático. "Apresentamos à sua família, amigos e admiradores as nossas sentidas condolências.
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Rio recorda "aliado" nos momentos importantes do país
O presidente do PSD, Rui Rio, recordou Freitas do Amaral como "um aliado" nos momentos importantes do país, deixando-lhe "uma palavra de homenagem" durante um almoço de campanha.
No arranque do seu discurso perante uma plateia de empresários, em Vila Nova de Gaia (Porto), Rio disse ter acabado de receber "uma notícia triste", a da morte de Freitas do Amaral.
"Queria deixar aqui uma palavra de homenagem ao professor Freitas do Amaral. Nem sempre o PSD esteve de acordo com ele ou ele de acordo com o PSD, mas nos momentos importantes do país e do PSD o professor Freitas do Amaral foi um aliado", afirmou Rui Rio.
Cristas recorda coragem de fundador, CDS cumpre um minuto de silêncio
A notícia de Freitas do Amaral foi recebida durante um almoço de campanha para as legislativas em Barcelos. Assunção Cristas pediu aos militantes que cumprissem um minuto de silêncio.
No almoço, Assunção Cristas evocou o passado de Diogo Freitas do Amaral, como fundador, e "a coragem" necessária para defender as ideias do partido no período pós-25 de Abril de 1974.
"Não ficamos indiferentes a esta triste notícia e vamos fazer ajustamento para a poder manter, para introduzir a sobriedade que o momento exige" e fazer "campanha com sobriedade".
CDS salienta "homem de Estado", "notável académico" e "figura fundamental da democracia cristã"
O CDS, partido fundado por Freitas do Amaral, enviou uma nota às redações sublinhando o papel "fundamental" na "constituição e implantação da democracia". Além do trabalho desempenhado enquanto político, o CDS sublinha o papel de Freitas do Amaral como "notável jurista, professor ctedrático" e "fundador e primeiro diretor da Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa".
Para o CDS, "a casa que construiu, Diogo Freitas do Amaral, será sempre considerado um homem de Estado, um notável académico, e uma figura fundamental da democracia-cristã europeia".
PCP destaca projeção internacional de Freitas do Amaral
Ao JN, António Filipe, do PCP, destacou o papel que "Freitas do Amaral assumiu ao longo das últimas décadas no panorama político nacional". Mesmo tendo em conta a "distância política para com o PCP", António Filipe "salienta os trabalhos como líder partidário e como membro de governos".
Além do plano nacional, António Filipe recorda a "projeção nacional" de Freitas do Amaral como presidente da Assembleia Geral da ONU.
PS retira música na campanha e faz minuto de silêncio antes do comício de Setúbal
A direção do PS decidiu, na sequência da morte do antigo ministro Freitas do Amaral, retirar a música das suas iniciativas de campanha e fazer um minuto de silêncio no início do comício de Setúbal.
Para o dia de hoje, o PS tem prevista uma ação de rua em Lisboa, na zona da Avenida da República, e um comício às 21 horas, em Setúbal. Em comunicado, o PS "manifesta o seu profundo pesar pela morte de Diogo Freitas do Amaral" e destaca "o seu importante contributo para a consolidação do regime democrático em Portugal no período que se seguiu ao 25 de abril de 1974".
"Freitas do Amaral foi um lídimo representante da democracia-cristã europeia em Portugal -, movimento político que foi, a par do socialismo democrático e social-democracia, fundamental na construção do modelo social europeu das últimas décadas. Esse foi o ideário que sempre seguiu, o que lhe valeu algumas incompreensões. Freitas do Amaral foi ainda um eminente jurista e professor universitário, com vasta e reputada obra", lê-se no comunicado do PS.
Catarina Martins recorda convergências
À margem da campanha, Catarina Martins, do BE, recordou que, "apesar da distância política" com Freitas do Amaral, a convergência em temas fraturantes como a "Guerra do Iraque".
A coordenadora dos bloquistas lembrou ainda a recente condenação de Freitas do Amaral ao governo de Bolsonaro, no Brasil. "É bom saber que pessoas, mesmo com pontos de vista diferentes, conseguem unir-se em temas tão importantes como a defesa dos direitos humanos", referiu.
Jorge Sampaio recorda figura determinante do regime democrático
O ex-Presidente da República Jorge Sampaio lamentou a morte de Diogo Freitas do Amaral que recordou como "uma figura determinante do regime democrático português", considerando-o "uma personalidade marcante da história portuguesa contemporânea".
Numa nota enviada à comunicação social, Jorge Sampaio recordou "o colega de faculdade de há mais de meio século, colega de profissão, colega das lides políticas, independentemente das opções e convicções de cada um, o jurista eminente, o professor de referência, o internacionalista convicto, um patriota certo e o amigo de sempre".
Sampaio revelou-se "especialmente emocionado" com a morte do amigo de longa data, com quem "há cerca de duas semanas" se deveria ter encontrado num almoço de confraternização, em testemunho de uma amizade de muitas décadas feita de admiração, respeito e muita estima mútuas".
Cavaco elogia "espírito livre" e contributo para democracia pluripartidária
Cavaco Silva manifestou "enorme tristeza" pela morte do fundador do CDS e antigo ministro Freitas do Amaral, elogiando-o pelo seu "espírito livre" e pelo contributo para uma democracia pluripartidária em Portugal.
"Foi com enorme tristeza que tomei conhecimento da morte do Prof. Diogo Freitas do Amaral, um dos construtores de uma democracia pluripartidária em Portugal. Foi, a par de Mário Soares e de Francisco Sá Carneiro, um defensor convicto de uma democracia de tipo ocidental no pós-25 de Abril", afirma Aníbal Cavaco Silva.
Numa nota enviada à agência Lusa, o anterior chefe de Estado lembra Freitas do Amaral como "ilustre académico" e "homem dedicado à causa pública, que desempenhou com grande dignidade e dedicação funções do maior relevo", dirigindo à sua família "uma palavra de profundo pesar", em seu nome e da sua mulher, Maria Cavaco Silva.
Guterres recorda "valiosíssimo contributo" para a democracia e influência portuguesa
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, expressou pesar pela morte de Diogo Freitas do Amaral, considerando que deixou "uma fortíssima marca" e deu um "valiosíssimo contributo" para a democracia e influência portuguesa.
"Recebi, com profunda tristeza, a notícia da morte do Professor Diogo Feitas do Amaral", começou por escrever o secretário-geral da ONU numa nota enviada às redações.
António Guterres recordou o percurso político de Freitas do Amaral e o contacto próximo que alimentaram desde o início da democracia em Portugal: "O intenso contacto que mantivemos no Portugal pós-revolução de Abril permitiu-me apreciar, plenamente, o valiosíssimo contributo do Professor Freitas do Amaral para a vida democrática portuguesa e para a nossa integração europeia".
Bagão Félix assinala "perda para Portugal" numa altura de "escassez de estadistas"
O antigo ministro das Finanças António Bagão Félix afirmou que a morte de Diogo Freitas do Amaral é "uma grande perda para Portugal" num tempo em que "há escassez de estadistas" e excesso de políticos.
"É uma grande perda para Portugal, não apenas da pessoa em si, como da pessoa culta, bem profunda que era, do académico que era e do estadista. Este ponto é importante, porque hoje vivemos num tempo em que há escassez de estadistas e há excesso de políticos", vincou à agência Lusa Bagão Félix.
"Encontrámo-nos várias vezes ao longo da nossa vida, em diferentes situações, e beneficiei sempre com o seu conhecimento, a sua sabedoria, o seu modo muito rigoroso, muito saborosamente académico com que falava, com que analisava as questões e com que ouvia também os outros", recordou Bagão Félix.
Manuel Monteiro sublinha papel na fundação da democracia
O antigo presidente do CDS Manuel Monteiro sublinhou o papel de Freitas do Amaral na fundação da democracia, na adesão à Comunidade Económica Europeia (CEE) e na recusa da Constituição da República de 1976.
Em declarações à agência Lusa, Manuel Monteiro afirmou que Freitas do Amaral "ficará para a história como um dos fundadores da democracia tipo ocidental que neste momento Portugal possui".
O ex-presidente do CDS enalteceu ainda "a coragem demonstrada por Freitas do Amaral quando, em 1976, disse não à Constituição da República portuguesa, numa época em que dizer não à Constituição era considerado um crime contra a revolução".
"A verdade é que foi Freitas do Amaral e o CDS por si presidido que disse não a uma Constituição que mais tarde foi alterada", considerou.
Jean-Claude Juncker presta condolências à família
O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, recorreu ao Twitter para homenagear Freitas do Amaral.
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Condolências muito sinceras à família do professor Freitas do Amaral. Um verdadeiro democrata cristão que teve um papel decisivo na consolidação da democracia em Portugal.
Durão Barroso recorda "um dos fundadores do sistema político-partidário português"
O antigo primeiro-ministro Durão Barroso destacou Freitas do Amaral como um "distinto académico" e "um dos fundadores do sistema político-partidário português", recordando o convite que lhe fez para a presidência da Assembleia Geral das Nações Unidas.
"Os meus mais sentidos pêsames à família do professor Diogo Freitas do Amaral , distinto académico e um dos fundadores do sistema político-partidário português", escreveu o ex-presidente da Comissão Europeia na rede social Twitter.
José Manuel Durão Barroso recordou "especialmente a presidência da Assembleia Geral da ONU", cuja candidatura foi feita depois de o ter convidado em nome do então primeiro-ministro, Cavaco Silva.
Paulo Portas elogia "um dos pais da democracia portuguesa"
O antigo líder do CDS-PP Paulo Portas enalteceu Diogo Freitas do Amaral como "um dos pais da democracia representativa em Portugal", ficando para "sempre na memória dos democratas portugueses", como alguém que construiu um partido de democracia cristã.
"O professor ficará sempre na memória dos democratas portugueses como alguém que aguentou, por vezes debaixo de tiro, a pressão dos ventos revolucionários, para construir um partido que representava a democracia cristã e viria a prevalecer, nas urnas, como um dos principais partidos portugueses", escreveu Paulo Portas, numa nota enviada à agência Lusa.