O aumento de número de infetados não está a elevar o número de doentes internados para os níveis de abril. Nas escolas, a situação está "controlada", com 23 surtos envolvendo 136 infetados.
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Setembro foi, até agora, o mês em que foram contabilizados mais casos de infeção por covid-19 desde o início da pandemia, com um total de 18.153 infetados, disse o secretário de Estado da Saúde na conferência de imprensa desta quarta-feira sobre a evolução epidemiológica em Portugal. Abril era, até agora, o mês com maior número de casos (16.736).
O aumento do número de casos, que "não surpreende" tendo em conta a retoma progressiva da atividade, "não está a implicar uma igual utilização e muito menos maior dos serviços hospitalares", tanto em enfermaria como em Unidades de Cuidados Intensivos (UCI), face ao que se verificou em abril. Há, nesta quarta-feira, 764 pessoas em enfermaria e 104 em UCI, sendo que os máximos, registados em abril, foram de 1302 e 271, respetivamente. A menor utilização de internamento num contexto em que há mais casos "demorará a ser estudado", avisou o governante, indicando que a taxa de ocupação global de camas se mantém entre os 70% e os 80%, sem contar com a "capacidade adicional" que pode ser disponibilizada "rapidamente" caso seja necessário.
Sete surtos em escolas do Norte
Há 23 surtos em escolas do território continental (sete na região Norte, três no Centro, 12 em Lisboa e Vale do Tejo, e um no Algarve), que envolvem 136 infetados, entre alunos, professores e funcionários. Mas a situação na generalidade das escolas "está controlada", descansou a diretora-geral da Saúde. "O que acontece é que, por vezes, uma escola tem um único caso, mas isso pode implicar a ida de alguns contactos próximos para casa", esclareceu, clarificando que, "muitas vezes, a decisão de irem apenas algumas pessoas para casa, ir uma turma ou ir mais do que uma turma tem muito a ver com a própria organização da escola". "Quanto mais organizada - por bolhas, por setores, por aulas - a escola estiver, mais fácil é manter os alunos na escola e enviar para vigilância em domicílio o mínimo possível de pessoas", insistiu.
"Porque nunca é demais repetir", o secretário de Estado voltou a reforçar três ideias para travar o vírus: lavar as mãos, manter o distanciamento e usar máscara.
Incidência abaixo de 20 por 100 mil habitantes
Quanto à possibilidade de decretar confinamentos locais, Graça Freitas indicou que, até esta quarta-feira, todos os municípios do país tinham uma incidência de contágio por 100 mil habitantes inferior a 20. Embora sejam tidos em conta outros parâmetros, como o R - índice de transmissibilidade - e as características sociais e demográficas de diferentes áreas, esse fator dá "alguma tranquilidade". "A situação está a ser acompanhada, mas não há indicação para medidas especiais", acrescentou a responsável.
"Seguidos os mesmos procedimentos" nos testes a conselheiros de Estado
Questionada sobre os testes à covid-19 feitos aos conselheiros de Estado, a propósito de um caso positivo, a diretora-geral da Saúde lembrou que a decisão de fazer um teste é, muitas vezes, "uma iniciativa individual", assegurando que isso não impede que sejam "seguidos os mesmos procedimentos" que se seguem nos outros casos. Assim, foi feito um inquérito epidemiológico e, em sequência disso, as pessoas foram separadas em dois grupos - contactos de alto risco e contactos de baixo risco.
Trace COVID: doentes vão poder reportar sintomas
A DGS e os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS) estão a procurar "simplificar os procedimentos" da plataforma Trace COVID-19, adiantou Graça Freitas, desvendando que "o que está previsto e em desenvolvimento é um autoreporte". Ou seja, serem os próprios doentes a reportar os seus sintomas, "sendo que a primeira avaliação é sempre de iniciativa médica".
"Há a possibilidade de, no Trace COVID, os indivíduos reportarem o seu estado e o médico fará o que entender em termos de acompanhamento", referiu Graça Freitas. "Estamos a simplificar os procedimentos até porque sabemos que, com o inverno, pode haver mais pessoas em vigilância."
Plano para outono/inverno apresentado "brevemente"
A versão "consolidada" do plano para o outono e inverno - cuja versão inicial foi divulgada no mês passado e que está a "receber contribuições", nomeadamente do Conselho Económico e Social e do Conselho Nacional de Saúde - será apresentada "brevemente". A ação da instituições do Ministério da Saúde e do Serviço Nacional de Saúde "será melhorada com as questões e dúvidas que têm surgido", garantiu Diogo Serras Lopes.
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