
Duarte Cordeiro, ministro do Ambiente, ouvido nesta quarta-feira no Parlamento
LUSA
O setor energético português deverá mobilizar, no mínimo, investimentos de 60 mil milhões de euros até 2030, no âmbito das políticas de transição energética e de descarbonização, o correspondente a um quarto do produto interno bruto nacional. O Mecanismo ibérico gerou benefício de 570 milhões de euros até janeiro deste ano.
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Ouvido nesta quarta-feira no Parlamento, o ministro do Ambiente e da Ação Climática admitiu que o valor seja superior, face à procura registada, por exemplo, nos leilões para a instalação de parques solares. Duarte Cordeiro revelou, ainda, aos deputados que o mecanismo ibérico gerou, até ao final de janeiro deste ano, um benefício de 570 milhões de euros. No total, foram injetados 4,5 mil milhões para conter os preços da eletricidade.
Relativamente à estimativa de investimentos, a instalação de eólicas offshore, que está neste momento em discussão pública, responde por 30 a 40 mil milhões de euros. Na estratégia nacional para o hidrogénio estão previstos investimentos de sete mil milhões a nove mil milhões de euros, com apoios à produção de 900 milhões naquele horizonte temporal. Já o aumento da capacidade eólica representa um investimento de 4 a 4,5 mil milhões, enquanto na solar pode atingir os 4,7 mil milhões de euros.
Na sua intervenção inicial, Duarte Cordeiro fez questão de vincar que "os preços da energia estão a puxar a inflação para baixo", com a inflação dos produtos energéticos a fixar-se nos 1,96% em fevereiro, de acordo com a estimativa do Instituto Nacional de Estatística. Neste campo, revelou que, até 31 de janeiro deste ano, o benefício do mecanismo ibérico foi de 570 milhões, "permitindo uma redução do preço de mercado de 43,78 euros por megawatt hora". Para conter os preços da eletricidade, foram mobilizados, disse o governante, 4,5 mil milhões de euros, o que "permitiu tornar negativas as tarifas de acesso às redes de todos os tipos de consumidores".
Resiliência do Tejo
Sobre os recursos hídricos, nomeadamente a sustentabilidade da região hidrográfica do Tejo, adiantou estar em estudo a construção de uma nova barragem no rio Ocreza que, em conjunto com a passagem da reserva hídrica do Cabril para fins múltiplos, permitirá "aumentar significativamente o caudal ecológico do Tejo".
A construção da nova barragem, que foi já sujeita a avaliação ambiental, vem do tempo do antigo ministro Matos Fernandes, que lançou o seu estudo, em 2019 quando Portugal discutia com Espanha o cumprimento da Convenção de Albufeira, depois da descarga da barragem de Cedillo. O objetivo é aumentar a resiliência ecológica do rio Tejo, numa altura em que a Península Ibérica enfrenta anos hridrológicos cada vez mais secos.
