O Ministério da Saúde mantém a intenção de contratar todos os médicos de família que tenham disponibilidade para trabalhar no Serviço Nacional de Saúde (SNS).
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A garantia surgiu depois da Ordem dos Médicos (OM) se ter mostrado "apreensiva" pelo facto de 155 recém-especialistas em Medicina Geral e Familiar poderem ficar de fora do SNS. A tutela assegura que o concurso será lançado ainda este mês.
Preocupada com a insatisfação e a fuga de médicos do SNS, a Ordem instou o Ministério de Manuel Pizarro a "abrir de imediato" concursos para a contratação dos 1300 médicos que concluíram as várias especialidades, acusando o Governo de "falta de estratégia, de planeamento e ambição".
A OM manifestou "grande apreensão" pelo atraso na abertura dos concursos e pelo facto de o ministro ter estimado, na última audição parlamentar, que seriam contratados 200 médicos de família, quando 355 terminaram a especialidade em Medicina Geral e Familiar (MGF). "Além de 155 médicos de família, quantos mais desses 1300 especialistas recém-formados pretende o Ministério deixar de fora do SNS?", questiona o bastonário da OM, Carlos Cortes, em comunicado.
Em resposta ao JN, o Ministério da Saúde explica que "a perspetiva sobre o número de médicos especialistas em Medicina Geral e Familiar a contratar, que foi avançada na Comissão Parlamentar de Saúde, reportava-se ao número de médicos que foi possível apurar à data, já que a homologação ainda estava e está a decorrer".
Atrasos levam a saídas
Refira-se que a contratação de especialistas para o SNS ocorre por concurso nacional, duas vezes por ano, após a época normal de avaliação do internato médico (março/abril) e a época especial (setembro/outubro).
Nos últimos anos, os concursos para contratar estes médicos abriram em junho/julho e em novembro/dezembro, respetivamente.
Nesses meses que decorrem entre o fim da formação especializada e a assinatura dos contratos com o SNS, os médicos continuam a ser pagos como internos, não conseguem definir a vida porque não sabem onde conseguirão ficar colocados e dezenas optam por sair para o privado.
Pormenores
Cada vez mais utentes sem médico
Mais de 1,6 milhões de portugueses não têm médico de família, sendo que mais de um milhão são da região de Lisboa e Vale do Tejo, a mais carenciada do país.
Alargar projetos para dar resposta em Lisboa
O ministro da Saúde quer replicar alguns projetos em vigor em Lisboa ("via verde do Seixal" e "batas brancas") para dar resposta aos utentes a descoberto.