Nas áreas urbanas o tempo de resposta tem vindo a degradar-se. INEM bateu recordes de atividade em 2022.
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Em 2022, as ambulâncias de emergência médica (AEM) e de suporte imediato de vida (SIV) acionadas pelo INEM demoraram mais de 15 minutos a chegar à vítima em 31% das emergências ocorridas em áreas urbanas. Novembro e dezembro foram os piores meses.
Comparativamente com anos anteriores, pode concluir-se que os tempos de resposta daqueles meios nas áreas predominantemente urbanas foram melhores do que em 2019 (32% das ocorrências acima dos 15 minutos) e 2020 (33%), mas degradaram-se face a 2017 (25%), 2018 (28%) e 2021 (27,5%). Refira-se que este indicador soma o tempo desde o acionamento da ambulância até à chegada à vítima, ou seja, não inclui o tempo de espera para atendimento da chamada e para acionamento do meio.
Os indicadores de desempenho do INEM, acessíveis no site do instituto, avaliam também a resposta das ambulâncias AEM e SIV nas áreas medianamente urbanas e predominantemente rurais, considerando para o efeito um tempo de socorro igual ou inferior a 30 minutos. Assim, em 2022, os tempos foram cumpridos em 88% das ocorrências, valor que tem permanecido estável ao longo dos anos.
Cada minuto conta
Em emergência médica, cada minuto conta e pode salvar vidas. Nas cidades, o trânsito prejudica os tempos de socorro, mas é essencialmente a falta de pessoal nos centros de orientação de doentes urgentes, a falta de ambulâncias disponíveis e o aumento da atividade que impactam na resposta do INEM, como explicam ao JN fontes sindicais.
No ano passado, o INEM registou números de chamadas e de acionamentos nunca vistos. Nos meses de maio e de julho, o trabalho no CODU atingiu recordes, com mais de 140 mil e de 138 mil chamadas atendidas, respetivamente.
Ao longo do ano, houve várias denúncias de momentos com dezenas de chamadas em espera e de atrasos na resposta. Um dos mais gritantes ocorreu em julho quando uma mulher de 83 anos ficou mais de uma hora deitada na rua, em Lisboa, à espera da ambulância e acabou por morrer no hospital. O caso motivou a abertura de um inquérito, entretanto avocado pela Inspeção da Saúde.