Milhares desfilaram em Lisboa e no Porto pelo fim da violência de género, contra o fascismo, a ascensão da extrema-direita e a guerra.
Corpo do artigo
Pelo menos quatro mil pessoas marcharam, esta terça-feira, no Porto, contra a violência de género, o racismo ou a precariedade. Tratou-se da primeira grande mobilização feminista, depois de dois anos de pandemia, e juntou na Invicta cerca de 50 coletivos, com várias associações e organizações políticas a subscrever a manifestação. Em Lisboa, saíram à rua cerca de três mil pessoas.
"A nossa luta é todos os dias", "masculinidade tóxica arruína o mundo", "ela adora flores, mas prefere respeito", foram algumas das frases entoadas durante o protesto convocado pela Rede 8 de Março, uma plataforma que reúne coletivos, associações, organizações políticas, sindicatos e pessoas a título individual.
"Uma das questões que nos faz estar aqui hoje é a violência machista. Não nos pudemos esquecer que o crime de violência doméstica é o mais denunciado em Portugal e que ainda temos uma Justiça machista que protege os agressores. É preciso mudar consciências", disse ao JN Patrícia Martins, ativista da Rede 8 de Março.
https://d23t0mtz3kds72.cloudfront.net/2022/03/08mar2022_manifestacaomulhe_20220308223555/hls/video.m3u8
Já Diana Rodrigues, da Rede de Apoio Mútuo, destacou o longo caminho que ainda há a percorrer. "Há uma grande falta de educação para o que é o feminismo e a sua importância. Nós, mulheres, somos todos os dias violentadas", alertou.
Com partida da Praça dos Poveiros, a marcha passou pelas ruas de Passos Manuel, Santa Catarina, Fernandes Tomás, Sá da Bandeira e culminou na Praça D. João I.
Contra a guerra
Cerca de três mil mulheres, homens e crianças encheram esta terça-feira as ruas entre a Praça Luís de Camões e a Assembleia da República, em Lisboa, numa marcha pelo fim da violência contra as mulheres, o racismo, a xenofobia e a ascensão da extrema-direita, mas também contra a guerra na Ucrânia e noutros países.
"Mexeu com uma mexeu com todas", "a nossa luta é todo o dia, somos mulheres e não mercadoria" e "juntas somos mais fortes" foram alguns dos cânticos mais ouvidos na greve feminista internacional convocada pela Rede 8 de Março.
Telmo Carapinha segurava uma bandeira da Ucrânia. "É uma homenagem às mulheres ucranianas. Todos são vítimas na guerra, mas as mulheres agora são heroínas".
O "caminho longo" que ainda falta fazer em matéria de violência doméstica foi outro dos motivos. "Há questões legais que têm de ser mudadas. É sempre a mulher que tem de fugir para outras casas sozinha".
Tomás Roque e a namorada, Raquel Serdour, empunhavam um cartaz onde se lia: "não por ser tua mãe, irmã ou filha, mas apenas por ser". "Parece que há pessoas que só conseguem empatizar com mulheres que sofreram violência doméstica lembrando-se que podiam ser suas familiares, e não por serem só seres humanos", lamentou Raquel Serdour, enquanto se preparava para descer a Calçada do Combro, juntamente com manifestantes de vários coletivos, organizações políticas e sindicatos, mas também figuras públicas. Catarina Martins, líder do BE, e Renata Cambra, porta-voz do MAS, marcaram presença.
Melhorar a proteção das vítimas da violência doméstica foi uma das prioridades destacadas. "Devia haver apoio psicológico para todas as vítimas independentemente de irem para casas abrigo ou não. Os filhos das vítimas também deveriam ser mais apoiados", advertiu Rita Osório, da Rede 8 de Março.