Circo Arena tenciona continuar a usar animal até 2025. Espera que vá para santuário onde possa ser visitado.
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Chama-se Sona. Tem 13 anos e é o único animal selvagem a participar atualmente em espetáculos de circo em Portugal. Aliás, é precisamente com esse enquadramento que o Circo Arena apresenta o seu tigre-branco como figura de cartaz. "Ainda podemos continuar a usar até 2025. Por isso, usamos. Porque é nosso. Porque podemos", justifica ao JN a proprietária Susana Torralvo, convicta de que os circos sem animais nunca sobreviverão em Portugal.
Foi em 2009 que Susana e o marido, Márcio, compraram o tigre-branco numa reserva natural em Espanha. Tinha apenas dois meses. "Gostamos de animais. Éramos trapezistas. Mas problemas de visão e a idade impediram-nos de continuar. Tivemos de nos reinventar. Optámos por fazer um número de magia e comprar um animal que fosse vistoso para ser atrativo no mercado. Ainda o andámos a alimentar a biberão", explica a proprietária do Circo Arena, criado há dez anos.
O número de magia em que Sona participa permanece quase igual ao longo dos anos. O tigre-branco sobe a palco uns escassos segundos e nunca sai da jaula. "É só para as pessoas o verem na pista. É apenas para o exibir. É um animal selvagem raro e as pessoas têm muita curiosidade. Muitas pedem para o irem ver no fim, no seu espaço", conta Susana.
Apesar de o Circo Arena possuir números tradicionais, como malabarismo, contorcionismo e ilusionismo, o Sona continua a ser a sua maior atração. E assim permanecerá até 2025, altura em que a lei proibirá o seu uso em espetáculos de circo. "Vamos continuar a usá-lo. Porque é meu e porque posso usá-lo em pista", sublinha Susana, convencida que, sem animais, os circos em Portugal não têm futuro.
A única incerteza de Susana Torralvo prende-se precisamente com o ano de 2025. "Estamos à espera do Estado para ver o que faremos: se ficamos com o tigre ou se o entregamos a um santuário. Ao princípio, foi uma revolta saber que não o poderíamos mais usar. Cuidamos dele desde bebé. Nunca fizemos férias em família porque tem de ficar sempre alguém a cuidar dos animais. Durante a pandemia, tivemos de estar parados dois anos e ninguém nos veio ajudar com um quilo de carne. Nunca faltámos com nada ao animal. Mas agora já estamos mais preparados", conta a proprietária do Circo Arena.
A maior preocupação de Susana Torralvo prende-se, assim, com o bem-estar do animal. "Nunca esteve em meio selvagem. Não sabe sequer caçar. É muito doce e meigo. Não vai ser fácil adaptar-se a uma reserva", crê, pedindo que seja colocado num santuário em Espanha ou França para que a família o possa ir visitar.