O desvio médio da Pitagórica foi inferior a um ponto percentual. No caso do PSD e da CDU, a diferença foi de uma décima.
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As sondagens foram um dos temas polémicos destas eleições legislativas. Em particular, a sondagem diária que a Pitagórica fez para o JN, a TSF e a TVI. Foram 14 dias de resultados que deixaram em suspenso os eleitores e sobretudo os concorrentes e dirigentes partidários. Alguns reagiram com ponderação, mesmo quando os resultados eram maus, outros ao ataque.
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Fizeram bem os primeiros em manter a serenidade: a generalidade das sondagens pré-eleitorais (não confundir com sondagem à boca das urnas, feita no próprio dia das eleições e de forma presencial) revelaram uma grande capacidade de antecipar os resultados destas eleições legislativas.
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Nenhum especialista em estudos de opinião ou jornalista que analise os resultados - e nenhum leitor, que deve ser ciclicamente alertado para os constrangimentos - deve esperar que uma sondagem funcione como uma previsão exata do que acontecerá numa eleição. As sondagens são retratos do momento em que são feitas, não são capazes de prever o futuro. Mas também é verdade que a expectativa razoável - de especialistas, jornalistas e leitores - é que os números das últimas sondagens se aproximem do resultado final.
Em Portugal, sobretudo nos últimos anos, é isso que acontece. As diferenças entre resultados reais e previsões ficam dentro de um intervalo razoável, a que os especialistas em estudos de opinião chamam "desvio médio".
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Meio ponto nos socialistas
Nestas eleições, a semelhança entre os valores finais da sondagem diária da Pitagórica e os resultados eleitorais chega a ser notável para alguns dos partidos, sobretudo para os que têm algum histórico.
Veja-se o caso do vencedor, o PS: a Pitagórica conclui a sondagem diária com 37,2% para os socialistas; nas urnas conseguiram 36,65%; o desvio foi de meio ponto percentual. E que dizer do segundo, o PSD, cujo líder, aliás, foi quem mais atacou as sondagens, sugerindo que haveria manipulação: a Pitagórica apontou para os 27,8%; nas urnas teve 27,9%; o desvio foi de uma décima.
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No caso do BE, o desvio também foi inferior a meio ponto. Mas talvez os resultados mais notáveis sejam os da CDU e CDS, partidos que os especialistas sentem particular dificuldade em medir: o desvio foi inferior a duas décimas nos comunistas e inferior a quatro décimas nos centristas.
O único caso em que a sondagem revelou mais dificuldade foi com o PAN, que saiu valorizado na sondagem: o desvio foi de 1,5 pontos percentuais. Em partidos ainda mais pequenos, a Pitagórica também foi certeira: recorde-se que previu a eleição de deputados pelo Iniciativa Liberal, Chega e Livre. Faltavam dois dias para as eleições.