A operação e comercialização dos produtos fabricados pelos três grupos empresariais do setor do tabaco rendeu quase 3,3 milhões de euros por dia em impostos para o Estado ao longo de 2021. Trata-se de 1,2 mil milhões de euros anuais, sendo que a produção nacional representa cerca de 15% das vendas de cigarros na União Europeia.
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Os dados constam de um estudo sobre o impacto social e económico da indústria do tabaco em Portugal, elaborado pelo Iscte Executive Education, cujos resultados serão apresentados esta quinta-feira.
Promovido pela Tabaqueira, o principal operador económico do setor industrial de tabaco, o estudo tem como objetivo traçar um retrato aprofundado do setor. Intitulado "O impacto social e económico da indústria de tabaco em Portugal", o estudo foca-se nos resultados obtidos pelo setor em 2021 e assenta em três dimensões: social, fiscal e económica. Apresenta, por exemplo, números sobre os trabalhadores ligados ao setor, o valor arrecadado pelo Estado em impostos e as exportações.
"Em 2021, a operação e a comercialização dos produtos fabricados pelos três grupos empresariais do setor do tabaco gerou receitas para o Estado de aproximadamente 1,2 mil milhões de euros. Quase 3,3 milhões de euros por dia", refere o ISCTE, em comunicado, no qual adianta ainda que "o volume de negócios médio do setor industrial de transformação de tabaco é 106 vezes superior ao registado pelas empresas dos vários setores da indústria transformadora portuguesa".
De acordo com o estudo, o setor industrial de tabaco em Portugal representa 15% das vendas de cigarros na União Europeia. O setor contribui, ainda, com "260 milhões de euros para o Valor Acrescentado Bruto total do produto interno bruto português" e, "por cada euro investido pelos três grupos empresariais do setor foram gerados 1,40 euros na economia nacional".
"Este estudo permite perceber a resiliência e o peso de um setor que não só dinamiza todo o território nacional, como atrai investimento para o mercado português e tem uma forte componente exportadora, assumindo um peso muito relevante nas vendas do mercado europeu - cerca de 15% do total, 10 vezes mais do que aquilo que a economia portuguesa representa no seio da UE. Importa, por isso, acompanhar o processo de transformação em curso deste setor. A sua resiliência e competitividade são cruciais para a indústria nacional", nota José Crespo de Carvalho, presidente da Comissão Executiva do Iscte Executive Education, citado em comunicado.
O documento indica ainda que o setor é, atualmente, representado por três grupos empresariais: a Fábrica de Tabaco Micaelense, a Empresa Madeirense de Tabacos e a Tabaqueira, subsidiária portuguesa da Philip Morris International. As quatro unidades produtivas no ativo encontram-se distribuídas por Portugal Continental e pelas Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira.
No que toca à mão de obra, em 2021, o setor industrial de tabaco "impactou diretamente 3 186 trabalhadores". São fornecedores ou trabalhadores diretamente ligados à indústria. No entanto, aponta o estudo, o "espaço de influência" do setor é "muito superior quando considerada a sua cadeia de valor", abrangendo "um universo total de 43 848 pessoas". Incluem-se "os trabalhadores em distribuidores e em canais de venda e respetivas empresas fornecedoras". É nas regiões autónomas dos Açores e da Madeira que se verifica "uma maior proporção da população ativa impactada pela atividade gerada pela indústria".
Olhando para o caso específico da Tabaqueira, os dados obtidos no estudo mostram que, desde 1997, "a Philip Morris International investe anualmente, em média, cerca de 15 milhões de euros em Portugal". Tal "tem permitido à sua filial portuguesa alocar recursos à transformação da atividade". "Em 25 anos, a capacidade produtiva da Tabaqueira duplicou e a sua vocação tornou-se, essencialmente, exportadora: em 2021, as exportações ascenderam a 719 milhões de euros e equivaleram a 86% do total da produção da companhia", lê-se na nota.