O calor está de volta a Portugal Continental, depois de uma descida da temperatura e de alguns períodos de chuva nos últimos dias. Em alguns pontos do país, como no interior do Alentejo e no nordeste transmontano, os termómetros podem chegar mesmo aos 35.º C. Mas o aumento das temperaturas máximas será generalizado e vai abranger todo o território. O distrito do Porto, por exemplo, pode atingir os 29.º C no sábado, apontado como o dia mais quente dos próximos dias.
Corpo do artigo
"Vai ser uma subida gradual: começa a aumentar amanhã [quarta-feira] durante a tarde. Depois, na quinta-feira, sobe mais um bocadinho e alguns sítios podem ter até cinco graus de subida. Há um novo aumento na sexta-feira e depois no sábado", esclarece a meteorologista Patrícia Marques, do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA). A especialista aponta que, além das temperaturas máximas, as mínimas vão aumentar, sobretudo da noite de quinta para sexta-feira.
A justificação é a conjugação de uma "crista anticiclónica com a circulação de ar quente vindo do Norte de África", que se vai impor no território continental e poderá trazer inclusive poeiras durante o fim de semana, para a Península Ibérica, explica a meteorologista ao JN.
Mês acima da média
Ainda é cedo para afirmar que haverá uma nova onda de calor no mês de maio, como a que ocorreu entre 5 e 14 de maio. "Do ponto de vista meteorológico, a onda de calor são cinco dias consecutivos, com temperaturas cinco graus acima da média", diz Patrícia Marques. Mas, a manter-se a previsão, podemos ter um "novo episódio" de calor.
Há algo que não se pode negar: as temperaturas estiveram no início do mês - e vão estar nos próximos dias - acima da média dos valores habitualmente registados em maio. Por exemplo, nos dias 9 e 10 houve desvios superiores a 1,5.° C. As temperaturas mais elevadas foram registadas em locais das regiões do vale do Douro, vale do Tejo e Alentejo. "Estão de facto acima do normal", declara a especialista.
"Na rede de estações do IPMA não foram, no entanto, ultrapassados os maiores valores da temperatura máxima do ar para maio", lê-se no site do instituto. Em maio de 2020, verificou-se "uma onda de calor que foi considerada como uma das mais longas e com maior extensão territorial" para aquele mês. Há dois anos, algumas estações meteorológicas registaram a maior onda de calor desde 1950.
Junho ainda com calor
Em 2022, "a 10 de maio encontravam-se 40 estações meteorológicas em onda de calor com o número de dias a variar entre seis e oito", esclarece o IPMA.
"A tendência do mês de maio e do início do mês de junho é que se mantenham as temperaturas elevadas", aponta Patrícia Marques, acrescentando não ser possível antecipar se o próximo verão será mais quente ou não do que o habitual.
O risco de incêndio "vai começar a agravar até ao dia 19 de maio" e "aumenta bastante" na sexta-feira, diz a meteorologista. No próximo sábado, e de acordo com o site do IPMA, o distrito de Castelo Branco deverá ser o mais quente (36.º C).
Nos últimos dez anos, em maio, verificaram-se vários períodos de ondas de calor nos anos de 2015, 2017, 2019 e 2020. Este ano, a estação meteorológica de Alvega (35,8.º C) teve a temperatura mais elevada entre 1 e 10 de maio.