Trabalhar e ter salário é cada vez menos garantia de poder pagar casa
Mesmo com emprego, há diferentes famílias a partilhar casa e jovens que voltaram a viver com os pais por não conseguirem pagar as despesas.
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“A situação não melhorou”. É esta a análise das porta-vozes dos movimentos de direito à habitação ouvidas pelo JN sobre a falta de casas a preços acessíveis. A crise na habitação, dizem, tem-se agravado nos últimos meses. Há trabalhadores a ganhar o salário mínimo ou médio, que não conseguem suportar os custos das casas, sejam as rendas ou as prestações bancárias. Em consequência, surgem novos fenómenos, como jovens que, depois de emancipados, voltam a viver na casa dos pais, diferentes famílias que partilham a mesma habitação e a existência de espaços sobrelotados e insalubres. Algumas associações registam aumentos de pedidos para pagar as despesas de casa.
“Há situações muito complicadas: sabemos de casos de sobrelotação extrema e de famílias monoparentais, em que as mulheres não conseguem pagar uma renda com o rendimento do seu trabalho. Essas mulheres vivem em quartos com os filhos”, aponta Rita Silva, porta-voz do movimento Vida Justa. Para a ativista do direito à habitação, não há muitas pessoas a entregar a casa ao banco, porque é um processo “demorado” e existem as renegociações, que até junho chegaram aos 3,2 mil milhões de euros. “A última coisa que as pessoas fazem é deixar de pagar a prestação [do crédito à habitação]. Cortam em tudo, antes de deixarem de pagar a casa”, acrescenta.