A Igreja Católica portuguesa vai pagar o transporte para as consultas de psicologia e de psiquiatria das vítimas de abusos sexuais, que residem em territórios afastados dos centros urbanos. Será criada uma bolsa de psicólogos e de psiquiatras para apoiar, gratuitamente, essas vítimas de atos praticados por membros do clero.
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Os pormenores da medida serão definidos, esta quarta-feira, na reunião da Coordenação Nacional das Comissões Diocesanas de Proteção de Menores e Adultos Vulneráveis.
"Vai ser criada uma rede de psiquiatras e de psicólogos especializados em abusos sexuais, para que, em todo o país, as vítimas possam ter apoio. Nos casos em que vivam mais longe dos centros urbanos, será também garantido o transporte gratuito para as consultas", disse, ao JN, Paula Margarido, secretária da equipa de coordenação nacional das comissões diocesanas, liderada pelo antigo procurador-geral da República José Souto Moura.
"Para as vítimas que cheguem, a partir de agora, às comissões diocesanas, vai ser disponibilizado o apoio dos especialistas. Para as que já denunciaram os abusos, será lançada uma campanha de divulgação" da rede nacional, especifica. Nessa campanha, serão divulgados os números de telefone, "para que entrem em contacto com a coordenação e possam ser apoiadas", referiu, ainda, Paula Margarido. "Temos a obrigação de reserva e de preservar o sigilo das vítimas e, por isso, pedimos para que nos contactem", salientou.
A rede de psiquiatras e psicólogos terá cobertura nacional e estará disponível para quem manifestar vontade em ter acompanhamento. "Claro que ninguém será obrigado a ter consultas", esclareceu Paula Margarido.
Decisão das comissões
A decisão de constituir uma rede de apoio psiquiátrico e psicológico partiu das várias comissões diocesanas de proteção de menores da Igreja Católica.
"As comissões entendem que as vítimas precisam de apoio, que não podem denunciar os abusos e partir sem qualquer apoio", frisou a secretária da coordenação da comissão nacional. Braga é a única diocese que já garante este acompanhamento às vítimas.
Recorde-se que as comissões diocesanas foram criadas entre 2019 e 2020 em todas as dioceses do país, por vontade expressa do Papa Francisco, e são coordenadas pela Conferência Episcopal.