A substituição de esquentadores a gás por termoacumuladores elétricos pode agravar a conta da luz até 360 euros por ano. Esta é a única opção do programa E-lar para a troca de equipamentos destinados ao aquecimento de água, alerta a Deco Proteste, numa altura em que falta uma semana para o início das candidaturas. O apoio não abrange as bombas de calor, que são mais eficientes e económicas. No caso das placas, também há opções mais dispendiosas.
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A substituição do esquentador a gás por um termoacumulador (vulgarmente denominado como cilindro de água quente) é uma das opções versadas no programa do Governo que visa incentivar a troca de equipamentos em fim de vida ou ineficientes. Ainda assim, o exercício não é tão simples e, em alguns casos, a substituição não compensa. De acordo com as contas da Deco Proteste, uma família de quatro pessoas gasta 570 euros por ano com o termoacumulador para aquecer a água. Mais 71 euros do que se o equipamento for a gás engarrafado ou 360 euros a gás natural, ou seja, a substituição não compensa.
A única opção mais barata face aos esquentadores a gás são as bombas de calor, que não estão abrangidas pelo programa. Neste cenário, a conta anual ascende aos 149 euros, menos 350 euros do que o esquentador a gás engarrafado e menos 61 euros nos aparelhos a gás natural.
A Deco Proteste acrescenta que a maioria dos termoacumuladores de classe A ou superior disponíveis no mercado, os únicos incluídos no E-lar, só têm capacidade até 30 litros. "As famílias necessitam de um termoacumulador com capacidade média de 40 litros por pessoa, o que significa que as famílias com duas pessoas precisam, no mínimo, de um termoacumulador com capacidade para 80 litros. Já para as famílias com quatro pessoas recomenda-se a aquisição de um termoacumulador com a capacidade mínima de 160 litros", lê-se no comunicado da associação.
O montante unitário do programa para estes equipamentos é de 615 euros (para consumidores com tarifa social de energia) e 500 euros para os restantes beneficiários.
Só compensa trocar fogão a gás natural por placa de indução
No caso de um fogão a gás natural por uma placa elétrica, as contas da Deco Proteste indicam que só vale a pena trocar se o equipamento escolhido for uma placa de indução. A poupança anual ronda os 28 euros. A diferença faz-se notar mais na substituição de um fogão com gás engarrafado por uma placa de indução ou de vitrocerâmica. No primeiro caso, uma família de quatro pessoas mete ao bolso 199 euros por ano e 150 euros no segundo.
Para este segmento, o E-Lar destina um vale para compra de uma placa elétrica de indução entre 300 (para consumidores com tarifa social de energia) e 369 euros; e entre 146 e 179,60 euros para uma placa elétrica de vitrocerâmica.
Por fim, o forno elétrico é mais vantajoso do que os equipamentos a gás. A Deco Proteste fala de uma poupança a rondar os 220 euros no caso do gás engarrafado e 59 euros no natural. Para estes equipamentos, o programa reserva 369 euros para os beneficiários da tarifa social de energia e 300 euros para os restantes.
A Deco Proteste mostra-se ainda preocupada com a selagem segura das saídas de gás e com a possível necessidade de obras por parte das famílias para suportar o aumento de potência necessária para alimentar todos os equipamentos elétricos.
Candidaturas abertas 30 de setembro
Atualmente, decorrem as candidaturas para as empresas de venda de eletrodomésticos candidatarem-se ao programa. Para os consumidores, o formulário para aceder ao vale E-Lar fica disponível a partir do dia 30 de setembro. No total, o apoio é de 1683 euros, para as famílias com tarifa social de energia, e de 1100 euros, para os restantes consumidores com contrato de eletricidade. Estão abrangidas placas elétricas de indução ou convencional, fornos ou termoacumuladores elétricos. Para as famílias vulneráveis, será pago um valor de 50 euros pelo transporte e de 100 a 180 euros para a instalação dos eletrodomésticos. Os aparelhos antigos terão que ser recolhidos pelos fornecedores.