Estrangeiros já enchem a Ribeira do Porto e há quem inove na forma como descobre a cidade.
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A Páscoa promete ser mais "doce" do que nunca para o turismo, ultrapassando os números de 2022, que ficaram perto dos recordes alcançados em 2019. Esse ano, o último pré-pandemia, foi o melhor de sempre. As regiões turísticas do Porto e Norte, de Lisboa e do Algarve estimam que a taxa de ocupação hoteleira vá rondar os 90%. E, no Centro, há unidades que esperam esgotar.
"Neste momento, estamos nos 80% de taxa de ocupação, com possibilidade de chegar aos 90%", adianta ao JN Luís Pedro Martins, presidente da Associação de Turismo do Porto e Norte (ATP). Segundo o responsável, a percentagem é semelhante em todo o território, sejam zonas de alta ou de baixa densidade populacional. "No pós-pandemia, essa divisão diluiu-se. Claro que a diferença está no número de camas. Mas onde temos 100 camas, estão ocupados 80%. Onde temos 1000, a ocupação está nos mesmos 80%", refere Luís Pedro Martins, para quem 2023 poderá ser "um novo ano recorde no turismo da região e do país".
Ao Porto e Norte, na Páscoa, continuam a chegar muitos turistas espanhóis. Mas não só. "França, América, Alemanha e Brasil" são, de acordo com o presidente da ATP, países de muitos dos atuais visitantes. E, este ano, "começamos a registar um regresso do mercado asiático (Coreia do Sul e Japão), que tinha deixado de vir com a pandemia".
Regresso de asiáticos
No Centro, também está a ser registado o regresso dos turistas asiáticos - que se juntam aos espanhóis e americanos, entre outros. A confirmação é de Pedro Machado, presidente da Turismo Centro de Portugal (TCP), que se diz "muito otimista" com o período da Páscoa. "Temos fortes evidências de que algumas unidades hoteleiras podem chegar aos 100% de ocupação, principalmente na serra da Estrela, em Aveiro, Figueira da Foz e Nazaré". Os indicadores dos primeiros três meses do ano fazem Pedro Machado crer que 2023 vai ser "claramente superior a 2019". Em janeiro, a região registou 354 608 dormidas, um número que representa um crescimento de 19%, em comparação com janeiro de 2019 (297 993 dormidas). Esse ano foi, sublinha a TCP, "o melhor de sempre para a atividade turística".
Na capital, a Entidade Regional de Turismo da Região de Lisboa também está otimista e espera uma taxa a rondar os 90%. À Lusa, o presidente, Vítor Costa, referiu que a evolução verificada nos primeiros meses deste ano permite "esperar uma subida bem superior a 10%, relativamente a 2019". "Esperamos crescer em termos quantitativos, ou seja, em número de turistas e de dormidas, e também em termos qualitativos, através da riqueza gerada pelo turismo", acrescenta.
João Fernandes, que lidera a Região de Turismo do Algarve, estima que a taxa no fim de semana da Páscoa chegue "aos 90%, ou mais". E que, em 2019, "foi inferior a esse número". "Nas reservas para o resto do ano, também estamos com mais do que tínhamos, na mesma altura, em 2019. Seja nos rent-a-car, nas agências de viagens ou na hotelaria, os números de procura estão a ser superiores", garante. No Algarve, na Páscoa, "a maior parte dos turistas são nacionais e de Espanha".
No que respeita ao Alojamento Local, "Lisboa e Porto estão com uma ocupação semelhante a 2019 e acreditamos que no fim de semana da Páscoa vamos ter as casas bastante compostas, a 80%, 85%", diz António Quintão Pereira, sócio do grupo Feels Like Home, membro da Associação do Alojamento Local em Portugal. No Algarve, neste momento, "a ocupação ronda os 50% a 60%", mas a expectativa é que haja muitas marcações em cima da hora.
Nunca tinha visitado um país com tanta diversidade
Há quem se faça acompanhar dos costumes e de hábitos para onde quer que vá. É o caso dos holandeses Eline Smith e Walter Padding que optam pela bicicleta para explorar as cidades. "A Holanda é conhecida como o "reino das bicicletas", portanto é um orgulho andar sempre com uma atrás", brinca Eline.
E foi de bicicleta que o casal já visitou mais de metade da Europa. "Fazemos isto em várias cidades. Conseguimos conhecer mais rápido, e por isso, mais sítios", expõe Walter.
A presença de guias holandeses com recurso a bicicletas é recorrente em vários países e tornou-se uma etapa do casal no planeamento de uma viagem.
No Porto, Eline e Walter tiveram a oportunidade de voltar ao passado ao partilharem o guia com o jovem casal Marije Kecken e Jurrien Oonk. "Parecíamos nós há uns anos. Já tínhamos brincado com isso", referiu Eline.
Ao contrário do primeiro casal, foi a primeira vez que Marije e Jurrien fizeram turismo de bicicleta. "É engraçado. Faz-se bem porque são elétricas, caso contrário a história era outra".
Retoma antes da Páscoa
E com a Páscoa mesmo à porta, começam a dar-se os primeiros sinais da retoma turística. Enquanto centenas de estrangeiros atravessam a Ribeira do Porto, os uruguaios Juán Pablo e Maria Magdalena aproveitam um banco à sombra de uma árvore para "descansarem cinco minutos" antes de retomarem a descoberta da cidade.
Juán e Maria estão a fazer "uma viagem sem planos", que teve Lisboa como ponto de partida. Depois da capital, seguiu-se o Porto. "É uma cidade linda e a quantidade de turistas é assombrosa", conta Maria Magdalena ao JN, enquanto o marido não resiste em fazer fotos da Ponte de Luís I.
Sem querer perder tempo, o casal levanta-se do banco que rapidamente é ocupado por outros turistas. Em andamento, a conversa com o JN continua.
"A passagem aérea foi de vinda, sem data de regresso". Para que assim fosse, Juán Pablo partilha que o casal teve de esperar pela reforma. "Nesta fase da vida, o tempo já não nos preocupa. A única coisa a gerir, e que vai determinar a nossa viagem, é o dinheiro", refere o uruguaio.
Na Ribeira, em cada pessoa que passa pode ouvir-se uma língua diferente. Para a francesa Sara Truttmann, esse facto impressionou-a: "Acho que nunca tinha visitado um país com tanta diversidade".
Vinda de França com o namorado, Brian Ohlmann, a "distância e acessibilidade" pesaram na decisão dos jovens em visitar o Porto. "Mas o mais atraente é o clima", menciona Brian.
Enquanto falam com o JN, e provando que o turismo já está a regressar em força, os jovens franceses esperam numa extensa fila para viajar nos emblemáticos barcos rabelos, que fazem o cruzeiro das pontes do Douro.
Outros destinos
Serra da Estrela cheia
A Empresa de Turismo da Serra da Estrela registava, em meados do mês, uma taxa de ocupação a rondar os 80% a 90% para a Páscoa. A Estância de Sky esperava lotação esgotada.
Procura diversa
Segundo o presidente da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT), Pedro Costa Ferreira, os portugueses que optam por passar férias cá dentro fazem escolhas muito diversas, com os destinos a dividirem-se "um pouco por todo o lado".
Tunísia e Eurodisney
Os portugueses que vão para o estrangeiro têm preferência pela Tunísia e Eurodisney (Paris). Outros destinos muito escolhidos são Senegal, Marrocos, Caraíbas, Cabo Verde e Brasil.
Destinos caros
Em meados deste mês, as viagens para o estrangeiro estavam praticamente todas vendidas para a semana da Páscoa, apesar do aumento de preços. Restavam lugares somente para destinos mais caros.
Preços sobem
Pedro Costa Ferreira, presidente da APAVT, disse que se mantém a alta de preços registada desde há vários meses. Os "preços estão consolidadamente mais caros por causa da inflação".