Crianças dos 5 aos 11 anos vão ter esquema vacinal completo até março e, 14 dias, depois poderão livrar-se dos isolamentos. Miúdos não vacinados com menos de 12 anos continuarão isentos de testes.
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O calendário de vacinação das crianças entre os 5 e os 11 anos, apresentado esta sexta-feira pelo Governo e Direção-Geral da Saúde e que pode consultar aqui, não salvará o segundo período escolar dos constantes isolamentos profiláticos para a maioria dos alunos daquele grupo etário. Mesmo depois de completo o esquema vacinal, será necessário esperar 14 dias para que a norma que evita o isolamento dos vacinados em caso de contacto de risco possa ser aplicada. E também é necessário que a situação epidemiológica melhore.
A vacinação começa no próximo fim de semana para os miúdos de 11 e 10 anos - o auto agendamento abre na segunda-feira - e prolonga-se até meados de janeiro, de forma descendente até aos cinco anos. A segunda dose vai decorrer entre 5 de fevereiro e 13 de março. Assim, as crianças de 10 e 11 anos poderão começar a livrar-se dos confinamentos a partir de 20 de fevereiro (14 dias depois da segunda dose), alguns dias antes da pausa da Páscoa (começa a 11 abril), mas quem tomar a primeira dose em meados de janeiro já não salva o segundo período dos isolamentos.
Recuperados esperam 90 dias
Em entrevista ao JN, a diretora-Geral da Saúde admite que antes da Páscoa a norma não será aplicada, mas sublinhou que "vacinar agora é um investimento para o futuro" (ler na página ao lado). Ainda assim, para aquela norma ser aplicada a este grupo etário, é também necessário um contexto epidemiológico mais favorável.
Na conferência de imprensa de apresentação do calendário de vacinação, Graça Freitas explicou que "o intervalo ótimo" entre as duas doses da vacina é de seis a oito semanas e que as quase 70 mil crianças que tiveram covid-19 terão de esperar 90 dias para serem vacinadas, tal como acontece nas restantes faixas etárias. E assegurou que não haverá qualquer discriminação entre crianças vacinadas e não vacinadas, dentro ou fora da escola.
As crianças com comorbilidades terão prioridade na vacinação, independentemente da idade, desde que tenham prescrição médica, e basta que se dirijam aos centros de vacinação, que naquelas datas serão exclusivos para imunização dos mais pequenos, por uma questão de "rigor e segurança", e adaptados para terem ambientes mais acolhedores nos espaços de espera e de recobro.
"Temos um plano, temos logística, temos excelentes profissionais de saúde e confiança para o aplicar", disse o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, António Lacerda Sales.
A diretora-geral da Saúde realçou que a decisão da Comissão Técnica de Vacinação para a covid-19, cujo parecer final foi tornado público ontem (ler nas páginas seguintes), teve em conta as aprovações das agências europeia e americana (EMA e FDA, respetivamente) e também dados da vacinação nestas idades nos Estados Unidos, Canadá e Israel. "Pensámos essencialmente no benefício para a criança, quero deixar bem claro que o benefício para a sociedade é um bónus", afirmou Graça Freitas.
Pais com faltas justificadas para levar filhos à vacina
Os progenitores que queiram que os filhos sejam vacinados contra a covid-19 e precisem de os acompanhar e levar ao centro de vacinação vão ter as faltas justificadas ao trabalho. Em resposta ao JN, o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social revela que "as ausências do trabalhador para assistência a filhos menores, onde se incluiem as situações de vacinação, são consideradas como justificadas e como prestação efetiva de trabalho, sem perdas de quaisquer direitos, salvo quanto à retribuição, conforme previsto nos artigos 49.º e 65.º do Código do Trabalho".
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Frente a frente
1. O parecer da Comissão Técnica de Vacinação é suficiente para tranquilizar os pais?
2. Se lhe chegarem pais com dúvidas sobre a decisão, o que lhes vais dizer?
1. Acho que é informação a mais. Eu percebo que deve haver transparência, mas os números e os quadros [no documento ] são um exagero. Podem confundir mais. Depois de ser divulgado este documento, os pais devem falar com o médico do seu filho para poder tirar dúvidas ou para o médico explicar de forma simples. O documento de anteontem [posição técnica] estava muito bem feito. A nova informação é boa para os médicos, mas para os pais pode ser confuso.
2. Tenho recebido mensagens de pais com filhos na faixa etária [entre 5 e 11 anos] e eu respondo que devem receber a vacina. É no melhor interesse da criança receber a vacina.
1. O objetivo da divulgação deste parecer não é tranquilizar os pais. É informar de uma forma clara e científica os médicos assistentes das crianças, para que estes possam esclarecer os pais e aconselhar a uma decisão.
2. O parecer da CTV não traz novos dados. Perante a evidência científica atual, penso que a vacinação de crianças saudáveis entre os 5-11 anos não tem um benefício direto para elas. O regresso à "normalidade" está dependente de outras medidas. Nas crianças com doenças crónicas, os pais devem falar com os médicos assistentes dos seus filhos, pois pode existir benefício na vacinação.