Face à recente recomendação da Direção-Geral da Saúde no que diz respeito à vacinação contra a covid-19 das crianças dos 5 aos 11 anos, o JN questionou dois especialistas sobre o caso.
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1. A DGS decidiu recomendar a vacinação das crianças dos 5 aos 11 anos. Qual o maior desafio que esse processo irá colocar?
2. Teria feito sentido garantir mecanismos que gerassem maior adesão, como excluir crianças vacinadas de cumprir isolamentos?
3. Que conselhos daria a um pai que tenha dúvidas em vacinar o filho?
1. O principal desafio é ao nível da comunicação: há que explicar às pessoas qual é o benefício da vacinação das crianças. Depois, há um desafio logístico: é uma população ainda muito considerável e que não pode ir sozinha tomar a vacina. A dose também é diferente da dos adultos.
2. Mesmo sem esta vacinação, o encerramento de turmas perante o aparecimento de um caso positivo é desajustado da realidade. Se a DGS decidir que a obrigatoriedade de mandar as crianças todas para casa perante um caso positivo é alterada em função do estado de vacinação, claro que isso será um estímulo adicional para vacinar as crianças.
3. Principalmente, que esclareça com um pediatra quaisquer questões que possa ter. A última coisa que devem fazer é basear a decisão em fontes que não sejam fidedignas, como as redes sociais ou os vídeos do YouTube de origens dúbias. É legítimo que toda a gente tenha dúvidas, mas é importante que elas sejam esclarecidas junto de quem tem competência para tal.
1. O que me parece mais desafiante é definir quais são as crianças elegíveis e dar-lhes prioridade. É um processo difícil, sobretudo para os profissionais de saúde.
2. A sequência de decisões da DGS parece-me estar a ser adequada: primeiro ouviram os peritos; depois reuniram a informação epidemiológica e o que se conhece do resto do Mundo e, por fim, decidiram. Agora é o momento para se esclarecer a população. Até aqui, seria prematuro fazer um estímulo à população para promover a vacinação.
3. Na maior parte das vezes, os pais de crianças de grupos de risco vão estar mais alerta. Mas, por outro lado, também ficam mais angustiados em relação à vacina. A estes pais, digo que as doenças crónicas colocam os seus filhos ainda mais em risco caso sejam infetados. Aos pais das crianças saudáveis digo que o número de crianças infetadas está a aumentar, e não sabemos se o vírus irá ter alguma variante mais agressiva para com as crianças. Portanto, a minha recomendação vai no mesmo sentido da da DGS.