Centros de saúde estão a chamar não prioritários para evitar desperdícios.
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Muitas pessoas que estão convocadas para receber a vacina da gripe A não estão a comparecer nos centros de saúde, o que tem levado as autoridades a antecipar a vacinação de grupos não prioritários para evitar o desperdício.
A situação de recusa da vacina por "receios infundados" foi ontem confirmada pela ministra da Saúde, Ana Jorge, que voltou a apelar a quem tem vacina marcada para que "não deixe de aparecer, porque isso leva a que outras pessoas não possam usufruir da vacina. O respeito que cada um tem por si e pelos outros também se pode verificar aqui", disse, em Fátima, à margem do Encontro Nacional da Pastoral da Saúde.
Ana Jorge explicou que, para evitar desperdícios, quando as pessoas agendadas faltam, os centros de saúde têm estado a telefonar para casa de outros utentes a pedir que compareçam para "gastar o resto das vacinas". Alguns profissionais de centros de saúde também têm estado a ser vacinados nessas condições, mesmo não sendo casos prioritários. "Mais vale gastar no que não é prioritário do que deitar fora a vacina", disse Ana Jorge, explicando que cada dose de vacina dá para 10 pessoas e deve ser gasta no prazo de 24 a 48 horas.
De acordo com a ministra, os centros de saúde têm estado a fazer "um esforço muito grande" na convocação das pessoas para que, quando as ampolas são abertas, sejam gastas em tempo útil e no seu total "para não haver o mínimo de desperdício". Contudo, o facto de haver pessoas que não estão a comparecer tem furado os planos do Ministério da Saúde.
Ao JN, Francisco George, director-geral da Saúde, considerou "lamentável" que haja pessoas que estão a desperdiçar a oportunidade de ser vacinadas, quando há outras que pretendem ser vacinadas e não são. De acordo com o director-geral, não há ainda dados sobre o número de pessoas que estão a recusar a vacina, mas a decisão de convocar pessoas que não estão na lista da actual fase de vacinação (como por exemplo, crianças maiores de dois anos) era algo que estava previsto desde o início, disse.
A vacinação contra a gripe A arrancou em Portugal a 26 de Outubro de acordo com um calendários que definiu três grupos prioritários, que começou pelos profissionais de saúde, grávidas e pessoas com doenças crónicas. Contudo, o facto de ter havido pouca adesão à vacina - no caso das grávidas de 2º e 3ª trimestre foram vacinadas cinco mil num universo de 60 mil - fez com que a vacinação do grupo B fosse antecipada e que estejam a ser chamadas pessoas não prioritárias.