Poucas vezes se viu, em 50 anos de democracia, um terceiro partido obter o resultado conseguido pelo Chega nestas eleições. Mas Ventura ficou atrás do número de votos de Álvaro Cunhal e da APU (coligação comunista) em 1979.
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O Bloco Central dominou todas as eleições em democracia, desde 1975. Não só o primeiro lugar foi sempre do PS ou do PSD (sozinho ou em coligação), como o segundo foi sempre para o principal rival. Para os outros só tem ficado o último lugar do pódio.
Nas legislativas deste domingo, foi o Chega quem conseguiu o terceiro lugar. Ficou muito perto de bater recordes a este nível, mas na verdade só conseguiu um de três. Se a comparação for com a percentagem e o número de votos expressos, a “medalha” ainda pertence a Álvaro Cunhal e à Aliança Povo Unido, a coligação liderada pelos comunistas nas eleições de 1979 (as terceiras depois do 25 de abril): foram 18,8% (o Chega teve 18,1%) e 1,129 milhões de votos (Ventura chegou aos 1,108).
Mas há um número em que o Chega bateu até a APU de 1979: no número de deputados eleitos. Cunhal conseguiu eleger 47 parlamentares, Ventura chegou aos 48. Com uma nota importante, que valoriza esta conquista: em 1979 o Parlamento tinha 250 deputados e agora tem menos 20.
Sobre o que não há dúvidas é que o Chega ultrapassou outros dois grandes resultados de partidos que, ao longo da nossa história política, também conseguiram robustos terceiros lugares: o Partido Renovador Democrático (PRD), que, com a bênção do ex-presidente da República Ramalho Eanes chegou aos 17,9%, a 1,038 milhões de votos e a 45 deputados, em 1985; e o CDS, que em 1976, com Freitas do Amaral na liderança, alcançou 16%, 876 mil votos e 42 deputados.