Ventura só quer imigrantes a receber subsídios ao fim de cinco anos e saúda "aproximação" do Governo
O líder do Chega saudou, esta segunda-feira, a "aproximação" do Governo ao seu partido em matéria de imigração. No entanto, André Ventura acrescentou que só haverá convergência entre Chega e AD se o Executivo vedar a atribuição de apoios sociais a imigrantes que vivam há menos de cinco anos em Portugal.
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"Queria saudar o volte-face que, aparentemente, o Governo teve face ao que o Chega tem dito há muito tempo, de só deixar entrar em Portugal quem tem contrato ou vistos de trabalho", afirmou Ventura em Algueirão-Mem Martins, Sintra, durante uma ação de campanha para as eleições europeias. "Foi uma grande vitória do Chega", reforçou.
Ventura continuou a saudar o Executivo por este se preparar para dar "um passo no sentido da aproximação" à força política que dirige. Levantou mesmo a hipótese de, "em poucos dias", a AD e o Chega poderem elaborar "um grande pacote anti-imigração" (corrigiu a expressão para "regulação da imigração"), mas avisou, logo de seguida, que tal só ocorrerá se o Governo aceitar "limitar os apoios sociais a quem está há cinco anos em Portugal".
"Uma vez que o PS já disse que ia votar contra medidas como esta, a aprovação deste pacote do Governo no Parlamento estará dependente de o Governo aceitar a nossa proposta de limitar a cinco anos de residência para obtenção de novos benefícios sociais", afirmou Ventura.
A par desta medida, o líder do Chega anunciou ter entregue mais duas, esta segunda-feira, no Parlamento: uma para limitar o número de residentes por habitação e uma outra para "agilizar" o repatriamento de imigrantes que queiram, "voluntariamente", regressar ao país de origem.
Do "chamamento" aos imigrantes à correção a Tânger Corrêa
A proposta que o próprio Ventura considera mais incontornável é, contudo, a do fim da atribuição de apoios sociais a imigrantes que vivam em Portugal há menos de meia década. "Este vai ser um ponto bastante importante de discussão com o Governo", insistiu.
Questionado, Ventura disse estar seguro de que esta medida não é inconstitucional: "Em 2010, na Alemanha, fez-se a mesma coisa", disse e repetiu. Argumentando que os subsídios não podem ser um "chamamento" para entrangeiros, revelou ainda querer constituir um "grupo de trabalho permanente" com a AD para fechar o pacote de restrições à imigração.
Na ação de campanha, Ventura passou parte do tempo a corrigir subtilmente o cabeça de lista do Chega, Tânger Corrêa - que, na véspera, tinha dito à RTP que António Costa não seria "um mau candidato" a líder do Conselho Europeu. "Não quero para a Europa o que aconteceu em Portugal. Não quero que, daqui a uns meses ou anos, tenhamos a queda da Comissão Europeia ou do Conselho Europeu por causa de um caso de corrupção", atirou.
Ventura falou aos jornalistas durante cerca de 15 minutos; Tânger, pelo contrário, deu apenas breves declarações antes de o líder Chegar, tendo-se depois esquivado a responder a mais questões.