Maioria dos afogamentos ocorreu em zonas não vigiadas, o que leva Autoridade Marítima a reforçar apelo.
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Houve 12 mortes por afogamento nas praias desde o início da época balnear, dez em areais não vigiados. A Autoridade Marítima Nacional (AMN) antecipa já um aumento de mortes no total da época balnear face ao ano passado, quando até outubro ocorreram 14 mortes, e justifica os números elevados com o desconfinamento.
"O fim das medidas restritivas e o aumento do turismo levaram a um aumento de banhistas nas praias e, com isso, a um maior número de ocorrências, algumas infelizmente mortais", refere José Sousa Luís, porta voz da AMN. O aumento da procura leva a AMN a reforçar os alertas para que se opte por praias vigiadas.
"Há cada vez mais banhistas, muitos turistas estrangeiros, que frequentam praias onde não há nadadores-salvadores e, por isso, há a necessidade de alertar cada vez mais para que procurem praias vigiadas, onde o socorro é imediato".
três mortes numa semana
Na última semana, três pessoas morreram afogadas em Portugal, duas em praias não vigiadas. Um homem de 28 anos morreu na segunda-feira na praia não vigiada da Costa Nova, em Ílhavo, depois de ter sido arrastado por um agueiro para fora de pé. Na sexta-feira da semana passada, no Porto, um homem com cerca de 60 anos morreu afogado quando tentava salvar a mulher em dificuldades no mar de uma praia não vigiada junto ao Edifício Transparente, no Porto. A morte em praia vigiada ocorreu em Vale de Lobo, no Algarve, na segunda-feira. Uma mulher de 74 anos sofreu uma paragem cardíaca dentro de água e acabou por falecer. O óbito foi declarado no local.
Ao JN, a Autoridade Marítima Nacional avança que das 12 mortes por afogamento até à data, duas ocorreram em praias vigiadas, ambas na zona Norte. A maior parte das mortes (8) ocorreu em praias não vigiadas, três na zona Centro, três na zona Norte e duas na zona Sul. A registar há ainda duas vítimas mortais em praias fluviais não vigiadas, ambas na zona Norte.
Alexandre Tadeia, presidente da Fepons, considera que o número elevado de mortes por afogamento se deve à "sobrevalorização da capacidade de natação do banhista" e à procura por zonas não vigiadas. "Os portugueses não têm noção quando procuram uma praia, não se importam se não é vigiada e vão à água em qualquer lado".
Dentro de água, "os banhistas sobrevalorizam a sua capacidade de natação, às vezes nadam até zona sem pé e não têm capacidade para voltar". "Além disto, ainda há correntes e fundões nos rios que levam a um agudizar do problema", acrescenta.
No início da época balnear, o Algarve e o Norte do país tiveram problemas para colocar nadadores-salvadores nas praias devido à indisponibilidade dos profissionais, na sua grande maioria estudantes que ainda tinham aulas. No início de julho, aumentou a disponibilidade, mas Alexandre Tadeia diz que não são suficientes e muitos têm que realizar horas extraordinárias.
"Sabemos que existem zonas onde ainda não há nadadores-salvadores, mas temos muitos a trabalhar 60 a 70 horas por semana para assegurar a assistência", lamenta o presidente da Fepons, alertando para a falta de atratividade da profissão e para a necessidade de avançar com os incentivos "na gaveta há vários anos".
414 salvamentos até junho
Entre 6 de maio e 20 de julho houve 414 ações de salvamento, sendo que mais de 100 ocorreram durante esta última semana. Em toda a época balnear de 2021, houve 663 salvamentos entre maio e outubro.
36 salvamentos feitos em 2021
e 260 ações de primeiros socorros pelo projeto SeaWatch, uma parceria entre o Instituto de Socorros a Náufragos e a SIVA Portugal que desde 2010 visa incrementar a segurança na costa e nas praias portuguesas, em particular nas praias não vigiadas,