Depois de várias tentativas de comunicar com a plataforma Telegram, sem obter qualquer resposta, a VisaPress avançou para tribunal. O objetivo é obter a colaboração da plataforma para acabar com as partilhas de publicações que causam milhões de euros de prejuízos às empresas de comunicação social.
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O secretário-geral da Visapress, Carlos Eugénio, afirmou que a entidade avançou com uma ação em tribunal contra o Telegram. A distribuição ilegal de jornais e revistas em grupos do Telegram e do WhatsApp causa perdas potenciais de "cerca de 3,5 milhões de euros por mês" à imprensa, disse Carlos Eugénio ao JN.
A plataforma não "nos respondia, não responde aos nossos pedidos de remoção de conteúdos. Não nos dizem rigorosamente nada, é de um silêncio ensurdecedor", disse Carlos Eugénio.
O WhatsApp e Telegram são o meio escolhido por vários grupos para a partilha ilegal de imprensa nacional e internacional. Estes grupos acolhem milhares de pessoas. Enquanto no WhatsApp predominam os grupos fechados, sendo o seu acesso feito através de convite, no Telegram estes grupos estão abertos. "Basta fazer uma pesquisa no próprio Telegram" e aparecem imensos grupos, contou Carlos Eugénio, secretário-Geral da Visapress.
Plataformas juntam até 30 mil pessoas. Existem no mínimo 10 a 12 grupos.
O acesso ao conteúdo disseminado é feito de diferentes formas. Por vezes são subscritores de jornais que partilham a versão PDF dos conteúdos pagos, mas também se verifica o acesso ilegal a esses conteúdos. Rastrear os administradores destes grupos é uma tarefa difícil, contou o secretário-geral da Visapress, mas sempre que o conseguem denunciam às autoridades quando consideram que "faz sentido". Também "vamos recebendo denúncias" de pessoas que integram esses grupos, acrescentou.
Os jornais são usados como "gancho" para ter "acesso a uma audiência mais vasta", contou Carlos Eugénio. Estas plataformas têm como fim último vender acesso a serviços de streaming - IPTV's -, também eles ilegais, garante. "Numa grande parte dos grupos que distribuem jornais, depois fazem anúncios para subscrição de IPTV pirata".
Sem uma "sindicância feita com qualidade", escrutínio feito pelos jornalistas, "vamos todos ficar muito mais pobres". alertou. Com estas práticas, "o leitor deixa de ter informação credível, coerente... e com isso vamos todos perder, e perde a democracia", sublinhou Carlos Eugénio.