Um surto de legionela cuja origem ainda está por determinar já infetou 50 pessoas e fez cinco mortos em Vila do Conde, na Póvoa de Varzim e em Matosinhos.
Corpo do artigo
Quatro dias depois, Raquel Ferreira ainda pouco sabe sobre o surto que lhe levou o pai. Da delegação de saúde só um telefonema "a perguntar se tinha ar condicionado - e não tem - e como limpava o chuveiro". Nenhuma recomendação, nenhuma explicação. "Ninguém nos disse nada", conta.
Joaquim Maria Ferreira tinha 85 anos e um problema de sangue há vários anos. No dia 23, foi ao Hospital Pedro Hispano, a uma consulta de hematologia. Na quinta-feira seguinte, acordou a dizer que dormiu mal. À tarde, já mal conseguia falar. 40 º de febre, falta de ar. Foi de ambulância para o Centro Hospitalar Póvoa de Varzim/Vila do Conde (CHPV/VC). Um dia depois, o quadro complicou-se. Foi transferido para a Unidade de Cuidados Intensivos do Hospital Pedro Hispano. Morreu a 5 de novembro. Foi a primeira vítima do surto de legionela.
"Ele não saía de casa. Só foi comigo para aquela consulta", explicou, ao JN, Raquel.
O pai era conhecido por "Monteiro" e fora, em tempos, dona da Óptica Yona na rua da Junqueira, no centro da Póvoa de Varzim. Vivem, ainda hoje, no centro da cidade. Não faz ideia do foco de contágio, mas a verdade é que, "assim de repente e sem explicação, assusta".
Em Fajozes, Vila do Conde, numa rua há já três casos. Um deles era Carlos Silva, que morreu no sábado no CHPV/VC. Foi ontem a enterrar. Tinha 85 anos. O outro óbito de Vila do Conde é também um homem e tinha 92 anos.
As outras duas vítimas do surto são de Lavra, Matosinhos. Uma delas era Alice Rosa Silva Martins, de 89 anos. Foi internada na quarta-feira. Morreu horas depois, já na madrugada de quinta. A outra vítima era um homem, de 87 anos
Alice Martins, 89 anos, residente em Lavra, Matosinhos, deu entrada no Hospital Pedro Hispano na passada quarta-feira com a indicação médica de que estaria com uma infeção urinánia grave, contou ao JN, Virgílio Santos, filho da octogenária que foi "descansado para casa" porque o médico lhe garantiu que a mãe estava estável. Contudo, a idosa acabou por falecer na madrugada do dia seguinte. À família, o médico disse que, para além da infeção urinária, a idosa tinha uma infeção nos pulmões causada por legionela. Virgílio admite que ainda não está claro o local onde a idosa terá contraído a doença do legionário e que ainda hoje irá à unidade hospitalar para tentar perceber se a mãe terá dado entrada no Pedro Hispano com a bactéria ou se, por ventura, a terá contraído durante o período de internamento.