As duas estudantes que se barricaram na manhã de terça-feira passada na entrada da Faculdade de Psicologia, em Lisboa, já foram retiradas pelo INEM e pararam o protesto. Teresa e Jade estiveram cerca de 55 horas em greve de fome e apresentaram níveis elevados de hipoglicémia.
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As duas ativistas do movimento "Fim ao Fóssil: Ocupa!" estiveram cerca de 55 horas sem comida - apenas com um garrafão de água e colchões para dormir - barricadas na entrada principal da Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa (FPUL). Esta manhã, perto das 9 horas, uma equipa do INEM voltou a avaliar o estado de saúde de Teresa Cintra e Jade Lebre. As jovens continuavam debilitadas com níveis baixos de glicemia no sangue. Acabaram por ser retiradas e deram por terminado o protesto, que pôs fim à ocupação naquela faculdade.
Ao JN, Teresa Cintra contou que se sentiam demasiado fracas para retirar os cadeados das portas. O INEM teve de remover um dos vidros da porta do lado de dentro do edifício para as retirar. Segundo a jovem, depois de serem assistidas pelos técnicos do INEM, foram identificadas pela PSP. "Perguntámos o porquê de estarmos a ser identificadas. Só nos responderam que tínhamos interrompido o normal funcionamento das atividades, o que não é um crime", apontou a jovem, criticando a forma como a política apreendeu os pertences que tinham no espaço.
O diretor da FPUL explicou, à agência Lusa, que pediu a intervenção do INEM uma primeira vez na quarta-feira e esta quinta-feira preocupado com o bem-estar das estudantes. "Tentámos resolver o assunto da melhor maneira, de forma a não haver danos para ninguém", acrescentou Telmo Batista, adiantando que "está restabelecida a normalidade" na FPUL.
Nestes dois dias as jovens exigiam uma reposta da reitoria da Universidade de Lisboa para saírem do local: que convocasse, por e-mail, a comunidade educativa a apoiar publicamente a ação de resistência civil no terminal de gás de Sines, marcada para sábado pela plataforma "Parar o Gás". De acordo com as ativistas, durante a tarde de quarta-feira, dois dos vice-reitores da universidade ouviram-nas, mas não quiseram tomar nenhuma decisão sem o parecer do reitor da Universidade de Lisboa que se encontrava fora do país. "Estamos muito cansadas, mas vamos preparar-nos para a ação de sábado, em Sines", afirmou Teresa Cintra.
Em frente à FPUL, um grupo de estudantes continuava a apoiar a ação. Alguns jovens têm pernoitado nos últimos dias num acampamento montado em solidariedade para com as colegas. Ao início da manhã, ainda antes do INEM chegar à faculdade, outras duas estudantes colaram as mãos ao portão do estacionamento da FPUL, para "garantir que fica trancado assim como a possibilidade desta faculdade contornar a greve de fome" das colegas, escreveu o grupo de ativistas num canal do Telegram, onde têm partilhado mensagens sobre as ocupações nas diferentes escolas e faculdades nas últimas semanas. O diretor da faculdade pediu a intervenção das autoridades para "dissuadirem os estudantes de fecharem o portão". As jovens acabaram por ser identificadas.
A FPUL foi uma das faculdades de Lisboa ocupada por ativistas pelo clima desde o dia 26 de abril numa ação pelo fim dos combustíveis fósseis até 2030 e para exigir "eletricidade 100% renovável e acessível até 2025". Os jovens apelam também a que 1500 pessoas se comprometam a participar no bloqueio ao terminal de gás de Sines.