A Comissão Permanente Nacional do PSD enviou, esta segunda-feira, uma carta aos militantes, apelando à união em torno da atual liderança do Rui Rio e a que apoiem o adiamento das eleições no partido, agendadas para o dia 4 de dezembro. Recorde-se que o Conselho Nacional extraordinário está marcado para o próximo sábado e, em cima da mesa, estarão as propostas de adiamento ou de manutenção das diretas no dia 4 de dezembro e de antecipação do congresso do PSD para os dias 17, 18 e 19 do mesmo mês.
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A cinco dias do encontro extraordinário do Conselho Nacional do PSD, no qual Rui Rio e Paulo Rangel voltarão a medir forças, a Comissão Permanente Nacional do partido enviou uma carta aos militantes, que já está a gerar polémica. Na missiva, que chegou esta segunda-feira aos sociais-democratas, apela-se à união em torno da atual liderança de Rui Rio, uma vez que o presidente da República irá dissolver o Parlamento e, "por consequência, haverá em breve eleições legislativas antecipadas".
"A antecipação das eleições internas para uma altura em que devemos estar todos concentrados nas legislativas parece afigurar-se totalmente desajustada das circunstâncias que o País está a viver e dos objetivos que o PSD deve prosseguir. Os portugueses esperam do PSD uma alternativa clara e credível ao PS. Não esperam um PSD virado para uma disputa interna, enquanto o PS e o Governo vão fazendo livremente a sua campanha, aproveitando as nossas divisões eleitorais", concretiza a Comissão Permanente Nacional dos sociais-democratas, considerando que, "em nome do interesse nacional e do nosso próprio partido, temos de estar unidos e totalmente focados no combate com os nossos verdadeiros adversários".
Um pensamento totalmente alinhado com o de Rui Rio, que defende o adiamento das diretas para depois das eleições legislativas, que deverão realizar-se em janeiro ou em fevereiro do próximo ano. O portuense seria, assim, o candidato a primeiro-ministro, deixando Paulo Rangel sem margem para tentar alcançar a liderança do partido a tempo de disputar as legislativas frente ao socialista António Costa.
Para a Comissão Permanente Nacional do PSD, o partido deve "aproveitar o bom resultado das autárquicas e ganhar" as legislativas, "substituindo, assim, uma governação totalmente à esquerda por uma outra mais moderada e liderada pelo nosso partido". Os sociais-democratas, insiste a comissão, não devem validar uma "disputa interna" neste momento. A carta, sustenta ainda, é uma "reflexão" dirigida aos militantes, enquanto "primeiros responsáveis pela condução política do partido", de modo a que possam "pensar sobre este importantíssimo momento que o país e o PSD estão a viver".
Críticos acusam direção do PSD de "desorientação coletiva"
A carta da Comissão Permanente Nacional do PSD já está a ser alvo de contestação por parte de alguns militantes, em particular apoiantes da candidatura de Paulo Rangel à liderança do partido. O deputado Pedro Rodrigues acusa Rui Rio e a direção do PSD de "desorientação coletiva" que suscita preocupação. Para o social-democrata, aquela missiva apresenta uma "narrativa pouco comprometida com a verdade" e um "profundo desrespeito por quem pensa de forma diferente", tornando evidente a necessidade de inverter rapidamente este caminho.
"A obsessão que a direção do partido revela em suspender as eleições internas por si marcadas, significam, por um lado, um manifesto receio em enfrentar a opinião dos militantes e, por outro, significaria a perda da oportunidade de o partido desenvolver uma saudável discussão interna que permita assegurar a unidade do partido e o fortalecimento de uma alternativa galvanizadora para Portugal. Ninguém no PSD pediu que a direção nacional marcasse eleições para a liderança do partido. Foram, antes, marcadas pelo Conselho Nacional do Partido a pedido e na data proposta pela direção do partido e pelo seu presidente", argumenta Pedro Rodrigues.
O deputado considera que o PSD deve concluir, "rapidamente", o processo de "escolha da liderança, definir o seu candidato a primeiro-ministro e definir o seu programa eleitoral", sem "expedientes e sem manobras de secretaria". É preciso, então, que Rui Rio e a direção do partido "revelem bom senso e serenidade e não caminhem no sentido da negação da realidade, que nos pode conduzir a um processo similar ao que, infelizmente, se está a viver no CDS-PP", insiste Pedro Rodrigues.