O Chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA) afirmou, esta sexta-feira, que os 13 marinheiros que recusaram embarcar no NRP Mondego deviam ter tentado, "por todos os meios", chegar à fala com as instâncias superiores antes de decidirem não participar na missão. Gouveia e Melo considerou que a decisão dos marinheiros afetou a "credibilidade" das Forças Armadas, recusando alimentar polémicas com o presidente da República.
"Um ato de indisciplina é um ato muito grave que, tendo-se tornado público, tem de ter também uma resposta pública", alegou o CEMA, em entrevista à SIC. Negou que tenha dado "um raspanete" no discurso que fez em público aos marinheiros no Funchal, na quinta-feira, e defendeu que, mesmo que tivesse sido mais reservado nos seus reparos, estes "mais tarde ou mais cedo seriam públicos".
Gouveia e Melo disse suspeitar que os vídeos que vieram a público dando conta do estado do interior do navio "só podem ter saído [para a praça pública] através dos próprios indivíduos [os marinheiros]. É uma presunção minha, mas com fortes indícios", acrescentou, frisando que é preciso ter "a certeza absoluta" e considerando não estar a "condicionar" os processos de investigação que decorrem neste momento e que serão julgados nos tribunais civis, com a participação de militares.
Questionado sobre o facto de, na sua primeira reação ao caso, na terça-feira, o presidente da República não ter salientado a importância da disciplina nas Forças Armadas - tendo apenas dito que a investigação estava em curso e falado que a manutenção dos navios "é uma das prioridades no presente e no futuro próximo -, Gouveia e Melo não quis comentar. "Não tenho de achar nada das declarações. É o meu chefe supremo, tenho de respeitar e de obedecer", limitou-se a referir.
O almirante admitiu que os recursos da Marinha "são escassos", mas garantiu que este ramo das Forças Armadas faz "o máximo" que consegue com aquilo que tem à disposição. Também assegurou que, dos 33 navios de que a Marinha dispõe, 15 estão em prontidão de 48 horas e três encontram-se em prontidão de cinco dias.