Há menos uma possibilidade no leque de candidatos à sucessão a Pedro Passos Coelho. Luís Montenegro anunciou, esta quinta-feira à noite, que não vai disputar a liderança do PSD.
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Com esta decisão, o ex-líder parlamentar do PSD deixa caminho livre para ser o eurodeputado Paulo Rangel a enfrentar o candidato pré-anunciado Rui Rio na corrida à presidência do partido. "Por razões pessoais e políticas, não estão reunidas as condições para, neste momento, exercer esse direito", explicou Montenegro, numa nota enviada à imprensa.
O antigo líder do grupo parlamentar do PSD assegurou que irá "manter total equidistância face às candidaturas que vão surgir", ressalvando que não se "furtará a dar contributos e a partilhar reflexões".Ou seja, concretizou, não deixará de fazer a sua "opção" com o seu "voto na eleição direta".
Contudo, Montenegro deixou um pedido: "num momento em que o país é dirigido por uma maioria de esquerda que não tem uma visão estratégica para o nosso futuro coletivo e que não tem limites à sua ânsia de poder, é determinante que PSD não fulanize o debate interno."
Várias fontes sociais-democratas ouvidas pelo JN garantem que Luís Montenegro escolheu deixar a porta aberta a Rangel, "tendo até condições para vir a ser seu vice-presidente."
"A nova geração do partido aposta tudo nele", afirmou um dirigente ao JN, ensaiando uma explicação para a reviravolta em relação ao antigo autarca do Porto.
"Numa altura em que o partido precisa de renovação, Rui Rio escolheu rodear-se dos chamados barões. É gente que não só quer regressar ao passado, como quer regressar à era pré-Passos."
Outro dirigente vaticina: "O que Rui Rio fez, na segunda-feira passada, com aquela reunião em Azeitão, foi um ato suicida. Desbaratou uma eleição que estava ganha à partida. Vai perder com seja qual foi o candidato."
Esta vaga de fundo anti-Rio tem crescido nos últimos dias. Ainda na noite desta quinta-feira, o ex-ministro Miguel Relvas - responsável, no passado, pela eleição de Passos Coelho - fez saber que apoiará o deputado europeu "se Montenegro não avançar".
Também Marco António Costa, outro apoio de peso, deu a entender, no Conselho Nacional, que estará com Paulo Rangel.
Não menos importante é a ala menos conservadora, que defende uma "efetiva renovação" e um "sinal de que o partido acompanhou a evolução dos tempos".