O primeiro-ministro reuniu-se esta terça-feira à noite com o chefe de Estado de Angola, num momento marcado pelo processo judicial contra o ex-vice-presidente Manuel Vicente.
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A reunião entre António Costa e João Lourenço terminou cerca das 23 horas e foi o primeiro ponto da agenda do líder do executivo português em Davos, Suíça, onde, até sexta-feira, participa no 48º Fórum Económico Mundial - evento que junta mais de três mil dirigentes políticos e da economia mundial.
Sempre que nos encontramos, encontramos como bons amigos
À saída do encontro, que durou cerca de 40 minutos, o primeiro-ministro caracterizou como "fraternas" e de "excelência" as relações político-económicas luso-angolanas, mas referiu que o processo judicial que envolve o ex-vice-presidente de Angola Manuel Vicente mantém congeladas as visitas de alto nível entre os dois países.
António Costa reconheceu que "existe uma questão que não depende nem do poder político angolano nem do poder político de Portugal" e que "tem uma única consequência, que é não haver visitas de alto nível de uns e de outros entre os respetivos países".
"Fizemos o ponto das relações muito fraternas que existem entre Portugal e Angola, que, felizmente, decorrem muito bem dos pontos de vista económico, das relações entre as nossas empresas, das relações culturais e entre os nossos povos", acrescentou.
"Felizmente, tudo o resto decorre com normalidade", sublinhou o chefe de Governo português. "Sempre que nos encontramos, encontramos como bons amigos".
António Costa e João Lourenço já estiveram reunidos em 29 de novembro passado, na Costa do Marfim, em Abidjan, durante a última cimeira entre África e União Europeia.
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Da parte de Angola, falou aos jornalistas o ministro das Relações Exteriores. Manuel Augusto manifestou-se satisfeito com a decisão da justiça portuguesa em separar o processo que envolve o antigo vice-presidente Manuel Vicente na operação Fizz.
"Estamos muito otimistas" que aquilo que está "no nosso caminho" a perturbar as relações com Portugal "possa ser removido" para "continuar a relação forte, singular e única" que existe entre os dois países, afirmou.
As relações entre Portugal e Angola têm sido perturbadas pelo processo movido pelas autoridades judiciais portuguesas contra o ex-vice-presidente de Angola Manuel Vicente no âmbito da operação Fizz, em que é acusado de corrupção ativa e branqueamento de capitais.
A Procuradoria-Geral da República recusou transferir o processo de Manuel Vicente para Angola, o que levou o presidente angolano, João Lourenço, a classificar como "uma ofensa" a atitude da justiça portuguesa, advertindo que as relações entre os dois países vão "depender muito" da resolução do caso.