Peritos só admitem reabertura de escolas com menos de quatro mil casos por dia
Epidemiologistas defendem que confinamento deve manter a pressão enquanto não baixar drasticamente a incidência e não aumentar a vacinação.
Corpo do artigo
Manuel Carmo Gomes e os epidemiologistas da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa que têm apoiado o Governo defendem que o confinamento geral, incluindo a reabertura de escolas, não deve ser equacionado antes de se atingir a média diária de 3500 a 4000 casos de infeção. O especialista que mais se bateu pelo fecho das escolas alerta: é crucial não se baixar a testagem e aumentar a vacinação, adiando a segunda toma. "Caso contrário, as restrições podem arrastar-se até abril ou arriscamos uma quarta vaga por causa do predomínio da variante do Reino Unido".
"É muito importante não se desconfinar prematuramente", insiste. Os indicadores têm de ser o "farol", diz, admitindo que os valores de segurança podem ser atingidos até final de fevereiro, "se não começarmos com exceções".
Assim, as escolas devem manter-se fechadas e, quando for possível começar a reabrir, considera, esse regresso ao ensino presencial deve ser "muito faseado e gradual, devendo começar pelos mais novos", isto é, pelo Pré-Escolar e 1.º ciclo.
Em março de 2020, recorda Manuel Carmo Gomes, demorou-se cinco semanas a baixar de uma média diária de 800 para 400 casos. "Neste momento, a média diária é de 6500 casos [ontem foram 7914]. Se mantivermos o confinamento, é possível atingir os 3500-4000 casos até fim de fevereiro", prevê.
Mais testes e vacinas
Além da média diária de infeções, a percentagem de casos positivos na testagem deve baixar - está nos 17%, quando a recomendação da Organização Mundial de Saúde é de 5%. A solução é aumentar a testagem ou, no mínimo, não diminuir. Só assim se conseguirá quebrar cadeias de transmissão.
Manter o confinamento em fevereiro permitirá ainda ganhar tempo para se vacinar mais pessoas. Membro da comissão técnica de vacinação, Manuel Carmo Gomes tem insistido no adiamento da segunda toma para seis semanas, no caso das vacinas da Pfizer e da Moderna, e 12 semanas no caso da AstraZeneca.
Os alunos, recorde-se, terminam hoje a pausa letiva e regressam ao ensino à distância segunda-feira. O possível regresso às aulas presenciais, pelo menos faseadamente, será avaliado de 15 em 15 dias, garantiu o ministro da Educação. O estado de emergência em vigor termina no dia 14 e deve ser reavaliado na próxima semana.