Espanha numa estrada acidentada, um deputado desalinhado, um arroz de tomate supimpa, um cauteloso crédito. E um adeus a Elísio Donas.
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Em Espanha veem-se sombras que preocupam. Esta segunda-feira, o primeiro-ministro Pedro Sánchez anunciou a dissolução do parlamento e a antecipação em seis meses das eleições legislativas. Nova data para o sufrágio: 23 de julho. Justificação: o amplo recuo do PSOE nas eleições regionais e municipais realizadas no domingo 28 e o não menos amplo avanço do PP. O presidente destes, Alberto Núñez Feijóo, diz que os resultados eleitorais a nível local são "o primeiro passo para abrir um novo ciclo político" no país vizinho, deixando para esta terça, dia de reunião nacional do PP, a decisão de se colar ou não ao VOX, organização de extrema-direita também com resultados vistosos nos escrutínios de domingo. Nos dias que se aproximam, perceber-se-á melhor de que é feita a coluna vertebral do PP quando se abeira do poder, mas independentemente do caminho que vier a ser tomado, e perante o risco de se ter mais uma força política medieval a pôr a bota cardada na porta da governação do que quer que seja, é mais do que tempo para começar a pensar em salvar a democracia, para que esta não se torne vítima do seu excesso de generosidade.
Por cá, Pinto Moreira terá decidido pedir para retomar o mandato de deputado do PSD, suspenso depois de ser constituído arguido no âmbito da Operação Vórtex. No entanto, na ausência de "qualquer articulação prévia com a direção do partido" (de acordo com uma fonte partidária ouvida pela Lusa), o presidente do PSD, Luís Montenegro, anunciou que os sociais-democratas retiram a confiança política ao deputado-que-pode-estar-de-regresso. Neste quadro, Pinto Moreira poderá voltar ao Parlamento e até manter-se na bancada do PSD (se assim o entender), mas não se pronuncia sobre temas do partido nem o representa.
Com os dias indecisos entre a primavera e o revivalismo do inverno, o momento é ainda mais propício para conhecer a nova encarnação do Café D. Gina, um dos restaurantes mais estimados do Mercado do Bolhão, no Porto. Quem o diz é a Evasões, e diz muito bem. O peixe frito, o arroz de tomate e a simpatia despachada estão agora no piso superior da venerável e renovada instituição comercial e turística.
Já na Notícias Magazine, pesam-se as implicações de mergulharmos num crédito pessoal nesta altura do campeonato. Resumo, sem spoilers: informe-se, informe-se, informe-se.
Nota final, de despedida, para Elísio Donas, teclista sobretudo dos Ornatos Violeta. O músico foi encontrado morto na casa dos pais, no Algarve. Tinha 48 anos. Entre meados dos anos 1990 e os primeiros anos deste século, por acaso também a fase imperial dos Ornatos Violeta, o Elísio fazia parte de um pequeno elenco de músicos residentes no Porto com quem era habitual cruzar-me em noites de concertos. Eu em incontáveis reportagens para o Blitz, o Elísio com um entusiasmo indisfarçável pela aventura de encontrar bandas desconhecidas ou familiares, em salas minúsculas, médias ou XXL. Havia sempre tempo para trocarmos gostos e desgostos, sempre com humor, sempre com empenho. Viagem segura, Elísio.