A história tratou de imortalizar a frase do escritor norte-americano Mark Twain, quando este reagiu, com humor e ironia, ao falso anúncio do seu falecimento:. "As notícias sobre a minha morte foram manifestamente exageradas". Lembra-me isto porque, por cá, houve também quem entendesse que o fim do uso obrigatório de máscaras e o regresso das festas fosse o epílogo da tão odiada pandemia... Não foi. Os dados mais recentes mostram Portugal no topo da União Europeia e no pódio mundial dos contágios.
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A realidade é sempre o que é, e não o que gostávamos que fosse. Há cerca de um mês, o Governo decretou o fim da obrigatoriedade do uso de máscaras na maioria dos espaços públicos. Já antes havia abolido as limitações de lotação em eventos públicos, o teletrabalho, o isolamento de pessoas com contactos de risco, por aí fora...
Importa refletir como a mensagem foi entendida pelo comum do cidadão, farto de limitações impostas durante estes dois anos absolutamente surreais. O fim da pandemia, o regresso à normalidade. O "bicho" havia sido finalmente derrotado. Foi assim mesmo que a maioria o entendeu.
Festas retomadas, medidas de proteção quase esquecidas, e qual o resultado? Portugal é o país da União Europeia com mais novos casos de infeção por SARS-CoV-2 por milhão de habitantes nos últimos sete dias e o segundo no mundo neste indicador.
Foi neste contexto que chegámos a esta segunda-feira, em que o Executivo anunciou que os testes rápidos para despistar a covid-19 voltam a ser gratuitos nas farmácias, ainda que mediante novas regras. Para saber mais, a jornalista do JN Inês Schreck explica-lhe tudo. Veja aqui o vídeo.
Junho, o mês de todas as festas e romarias, está à porta. Depois dos dois anos de longa espera por estes momentos, já se adivinham multidões a encher tudo o que é rua de cidades, vilas ou aldeias. Manda o elementar bom-senso que se volte à "tortura da cotonete" pelo nariz acima antes destes contactos sociais. Cautelas, aliás, foi também o que a Comissão Europeia recomendou, esta segunda-feira, a Portugal, aconselhando que leve a cabo no próximo ano "uma política orçamental prudente".
Mas voltemos à saúde. Ainda a pandemia não se foi e já o Mundo tem uma nova preocupação com outra doença (conhecida como "varíola dos macacos") causada por um vírus igualmente de nome esquisito. E, esta segunda-feira, o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças recomendou aos países que atualizem os meios de rastreio e diagnóstico para o vírus Monkeypox.
Pelo menos neste campo, Portugal não se atrasou e foi mesmo o primeiro país a sequenciar o genoma deste Monkeypox, parente do vírus que causa a varíola e está na origem de um recente surto que afeta vários países onde a infeção não é endémica.
Mais difícil do que sequenciar genomas ou combater pandemias parece a resolução do conflito na Ucrânia. A história deverá um dia assinalar esta segunda-feira como aquele que marcou o "fim da inocência", pela condenação a prisão perpétua do soldado russo de 21 anos, Vadim Chichimarine, por ter matado um civil ucraniano desarmado.
Esta terça-feira passarão três meses do início da agressão da Rússia à Ucrânia. Na altura, muita gente acreditaria que, dada a diferença de poderio militar entre os dois países, o conflito tivesse um rápido desfecho. Mas a resistência dos invadidos surpreende diariamente o Mundo. Não só evitaram o esmagamento, como brindam a pequenas vitórias. A tal ponto que, carros de combate russos, tomados pelo exército ucraniano e expostos no centro de Kiev, atraem famílias.
Boas leituras.