Passou um ano desde que os horrores da guerra emergiram na Ucrânia, transformando a barbárie no "novo normal". Doze meses depois, o Mundo mudou, mas na vida de quem (sobre)vive debaixo do fogo cruzado há dois sentimentos dissidentes que não se separam: o desespero e a esperança. Não foge a esta realidade quem viu partir os entes queridos, mas, ao mesmo tempo, tem de se manter vivo e lutar pelo futuro - ainda que seja incerto. Ou os que perderam tudo, mas vêm nas promessas de reconstrução a luz ao fundo do túnel. Foi este o quadro contrastante que Helena Carreiras, ministra da Defesa de Portugal, encontrou ao visitar Irpin, a cidade mártir localizada nos arredores de Kiev.
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De visita à "cidade tampão" pela primeira vez - onde no ano passado foram descobertas centenas de provas de crimes de guerra -, a governante mostrou-se impressionada com a devastação que a rodeava e, enquanto deambulava pelas ruas repletas de sinais de terror, prometeu que Portugal irá manter vivo o apoio ao Estado invadido. "Somos um aliado credível e confiável", destacou, observando os prédios que agora não albergam mais nenhuma família. Imagens captadas pela jornalista Sara Gerivaz que pode visualizar aqui.
No dia em que o Mundo assinalou o primeiro aniversário (e espera-se que o último) da guerra, Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia, frisou que o país está a caminhar a passos largos para uma "vitória inevitável", no entanto, deixou claro que o glória só poderá ser alcançada se os "parceiros" ocidentais se comprometerem a manter a assistência militar que até agora tem sido prestada. "Nenhum país pode defender-se por si mesmo", frisou, numa clara mensagem aos aliados.
De Vladimir Putin, presidente da Rússia, não se ouviram perspetivas. Como diz a gíria portuguesa, o patrão do Kremlin já "pôs tudo em pratos limpos" ao longo da semana que antecipou a data do início da "operação militar especial", mostrando-se empenhado em alicerçar novas alianças diplomáticas.
A viragem ilustrou-se com a visita do diplomata chinês Wang Yi ao Kremlin, na qual foi firmada uma "amizade" sem precedentes entre Moscovo e Pequim, e que deverá ser reforçada com a viagem do presidente Xi Jinping à capital russa. Para já, foi hoje apresentado um plano de paz arquitetado pelo gigante asiático. O documento, que contempla 12 pontos-guia para um eventual processo de negociação, foi saudado pela Rússia. Será igualmente bem aceite pela Ucrânia? Conheça a perspetiva da editora do JN Sílvia Gonçalves.
Ao fim de 365 dias de conflito, é impossível fugir a uma agenda noticiosa que teima em lembrar que a comunidade internacional tem o dever de preservar e respeitar a soberania territorial de cada Estado.
Na Assembleia da República, os partidos políticos portugueses debateram a situação que se vive no Leste na Europa e, num momento raro (quase único), todos os deputados estiveram em consenso, concordando em censurar a invasão russa. Ou quase todos. O PCP aproveitou o momento para criticar a "escalada belicista" que está a ser alimentada pelos EUA, União Europeia e NATO, deixando farpas ao Governo de António Costa. "No plano político há um oportunismo para aproveitar a propaganda de guerra", constatou o deputado comunista Bruno Dias.
Já Marcelo Rebelo de Sousa, que esta sexta-feira se desdobrou em eventos nos quais se reuniu com ucranianos em Portugal, revelou que a visita a Kiev está para breve. "Talvez em abril", atirou o presidente da República.
Pela Invicta, os portuenses uniram-se para, em uníssono, reprovar a agressão de Putin. No Coliseu do Porto, milhares de pessoas e vários artistas musicais juntaram-se para gritar "Slava Ukraini". Como não poderia deixar de ser, o JN esteve lá.
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Boas leituras!