"Minha querida Mulher, meu amor. Faço votos para que ao receberes esta minha carta te encontres em ótima disposição e saúde, assim como todos os nossos, que eu fico bem graças a Deus."
Corpo do artigo
Assim começava mais uma carta de José para Laurentina, ambos de Alijó, separados então pela Guerra do Ultramar. Escreveu-a em 25 de junho de 1964. E não. Naquela época não se escrevia segundo o acordo ortográfico atual. Chegaram a ser cartas diárias. Aerogramas. De Angola para a "Metrópole" (Portugal). Eram namorados. Um mês antes José começara por "minha querida Laurentina". Naquele junho já era por "minha querida mulher".
No conteúdo da folha de carta, preenchida dos dois lados, era só amor. Pelo meio, perguntas e respostas sobre o que se fez na festa de São João. "Esteve muito animada", dizia ela. "Faço ideia! Com a música devia estar muita gente", respondia ele. E assim, meses e meses a fio. Mais tarde casaram, tiveram filhos e foram felizes.
Vem isto a propósito do Dia dos Namorados que hoje se celebra. Perante a história de Laurentina, 85 anos, a Renata, a Margarida e o Tiago, todos com 17 anos, franziram o sobrolho. Em tempos de "andar" em vez de "namorar", do contacto fácil e imediato através do Messenger, Instagram ou WhatsApp, custa imaginar como se era capaz de escrever uma carta de amor todos os dias.
Em Alijó celebrou-se hoje o Dia dos Namorados com a distribuição, pelo Município, de três mil alfinetes de peito em forma de coração, feitos à mão por elementos da Universidade Sénior de Alijó e pela equipa da Biblioteca Municipal. A iniciativa "Levamos o Amor a/ao Peito" foi uma forma de assinalar a efeméride, tal como tem vindo a acontecer nos últimos anos.
Em Penafiel, a Câmara Municipal comemorou o Dia de São Valentim envolvendo casais que vivem em instituições do concelho. "Tem que haver amor todos os dias, muita amizade e respeito", disse Maria da Conceição Oliveira à repórter Mónica Ferreira. "Por isso é que se consegue estar casado tantos anos", acrescentou o marido, António Soares.
O Dia dos Namorados ainda está para durar, mas nem tudo foram rosas. Um dia depois da apresentação do relatório sobre abusos sexuais na Igreja Católica, António Costa reagiu, no Porto, e considerou que as conclusões chocaram toda a sociedade. Ainda anunciou que as ministras da Justiça e do Trabalho vão reunir-se com a comissão porque "há um conjunto de lições a tirar".
Já Luís Montenegro disse, igualmente esta terça-feira, que ficou "completamente chocado" com o conteúdo do relatório e que também está disponível para alargar o prazo de prescrição deste tipo de crimes.
Lisboa, Braga e Porto têm o maior número de denúncias de abusos na Igreja. Nesta infografia pode ver o mapa completo da distribuição dos casos, bem como outros dados relativos às vítimas e aos abusadores.
Entretanto, Catarina Martins anunciou, esta terça-feira, que pretende deixar de ser coordenadora do Bloco de Esquerda e já há uma candidata que se perfila à sucessão: Mariana Mortágua, cujo nome parece reunir consenso interno.
Com a noite já caída, soube-se que o presidente da República aceitou a proposta de António Costa para que Gonçalo Rodrigues seja o novo secretário de Estado da Agricultura.
De Espanha chegou a notícia de que o Tribunal Superior de Justiça de Madrid condenou uma inspetora das Finanças a seis anos de prisão. Burlou dezenas de futebolistas de elite, muitos deles estrangeiros, entre os quais ex-jogadores do F. C. Porto e do Benfica.
A fechar, voltemos à carta de José para Laurentina, via avião Luanda-Lisboa: "E pronto, meu amor. Vou terminar. Faz cumprimentos aos meus cunhados, um abraço para a minha sogra e tu, minha mulher, recebe muitos beijos e abraços deste teu homem".