O que vale a palavra de um invasor? E a NATO, o que vale? A água, devia-se saber, vale tudo. A música gravada já valeu muito mais. Um cenário que pede vinho à porta do fim de semana.
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Parece que o diabo se esconde nos detalhes. São como aquelas peças de um puzzle que parecem não ter especial relevância para a imagem completa mas sem as quais, lá está, o quebra-cabeças não se resolve. O acordo para desbloquear os cereais ucranianos é a notícia mais relevante no mundo nesta véspera de fim de semana. Um dedo de esperança, dois de alívio temporário, outros tantos de absoluta desconfiança. Está tudo no detalhe que poderá permitir saída de 25 milhões de cereais de 80 portos do Mar Negro: por natural insistência sua, a Ucrânia assinou um documento onde estão presentes apenas os mediadores Nações Unidas e Turquia; o regime genocida de Vladimir Putin firmou outro papel com os mesmos intermediários. Resta saber se o afrouxar do torniquete que mata a Ucrânia (e debilita as possibilidades de sobrevivência de países dependentes deste trigo, milho e óleo de girassol) valerá alguma coisa, já que a palavra dos invasores vindos da Rússia vale, por definição, algo parecido com zero.
Neste mesmo filme, mas num cenário distinto, soube-se que deu entrada na Assembleia da República a proposta de resolução do Governo para ratificação da adesão da Finlândia e da Suécia à NATO. A votação está prevista para setembro, também mês da Festa do Avante!
Com as reservas de várias albufeiras portuguesas em níveis complicados, um conjunto de organizações alinhou numa campanha lançada pelo grupo Águas de Portugal que alerta para a diminuição do consumo de água. Entre recomendações várias, achou-se necessário lembrar que talvez não fosse má ideia "fechar a torneira durante a lavagem dos dentes, o ensaboamento e o corte da barba". Decerto que a experiência no terreno dirá aos responsáveis da campanha que estes são gestos suficientemente comuns em 2022 para merecer chamada de atenção. A evolução da espécie espera e desespera.
Jean Michel Jarre é o mais recente artista a vender os direitos do seu catálogo discográfico a companhias de publishing (que também poderão ser, ou não, editoras), no caso à alemã BMG. Nesta perpétua reconfiguração do xadrez da indústria musical, os artistas, em especial os que não vão para novos, preferem compreensivelmente assegurar hoje bom valor pelo seu acervo gravado, perante um presente e futuro reduzidos aos tostões ridículos que a sua obra rende no streaming.
À beira de entrar em modo off, aproveite-se o tempo jeitoso para fins de tarde e noites ao relento e experimentem-se os vinhos que se dão bem com o ar livre, escolhidos por quem percebe da uva. Segunda-feira o mundo lá estará, assim-assim como é seu hábito, à nossa espera.