O direito à habitação e as políticas que o promovam dominaram os debates desta quinta-feira, em que o primeiro-ministro anunciou uma série de medidas para incentivar o arrendamento e a especulação imobiliária. A reação partidária foi uma chuva de críticas. Da Esquerda à Direita, ninguém aplaudiu.
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Encontrar uma casa a preços compatíveis com os salários portugueses, ou pagar aquela onde já se vive, sem ter de deixar de comer, perante a gula avassaladora dos juros, é, por ventura, a preocupação mais evidente para a maioria dos que vivem em Portugal. Longe vão os tempos em que se levava à letra a máxima de "casamento, apartamento".
Numa era em que a solução para os jovens - e, cada vez mais, também, para os não jovens - é partilhar um teto com terceiros, António Costa veio anunciar uma série de apoios. As rendas dos novos contratos de arrendamento vão ter um teto máximo a partir de março. A medida consta do pacote legislativo para a habitação, apresentado esta quinta-feira pelo Governo, onde consta ainda um apoio até 200 euros para famílias com dificuldades de pagar o crédito, o fim dos vistos gold e dos alojamentos locais no Litoral, bem como o arrendamento compulsivo, por parte do Estado e municípios, de edifícios devolutos.
Poderá agora ser mais fácil sonhar com "uma casa portuguesa, com certeza"? Só o tempo o dirá, mas as críticas não se fizeram esperar. O líder parlamentar do PSD afirmou, esta quinta-feira, que as medidas do Governo para a habitação são "um ataque claro à propriedade privada". De todos os quadrantes políticos, as críticas foram imediatas, com Mariana Mortágua, do Bloco de Esquerda, a considerar que, na prática, Costa disse que "se o preço das casas é astronómico, vai continuar astronómico". Iniciativa Liberal, PAN, CDU e Chega também carregaram forte sobre o pacote anunciado por António Costa.
O que a realidade mostra é que, para já, há muita gente a viver em condições impensáveis. Se, na véspera foi o líder académico de Lisboa a denunciar casos de alunos que desistem de estudar por não poderem pagar alojamento, esta quinta-feira são notícia as casas sobrelotadas no Porto, muitas delas sem as condições mínimas de habitabilidade, e onde vivem imigrantes que não conseguem suportar sozinhos os elevados valores das rendas.
Outro flagelo das cidades portuguesas é a sinistralidade em meio urbano, ultimamente ainda mais agravado pela convivência difícil entre os meios de transporte tradicionais e as novas formas de mobilidade suave (bicicletas, trotinetas e afins).
O dia deixou motivos de interesse para os que gostam de dissecar grandes acontecimentos, que ficaram na História. Imagens recolhidas em 1986, um ano depois de ter sido localizado, mostram o Titanic como nunca antes visto. São os primeiros registos depois do naufrágio do navio onde morreram mais de 1500 pessoas. Veja aqui o vídeo
Lá por fora, quando caminhamos a passos largos para o primeiro aniversário da guerra no Leste da Europa, o subchefe dos Portos Marítimos da Ucrânia, Dmytro Barinov, acusa Moscovo de atrasar as inspeções aos navios, colocando em causa a exportação de cereais, e apela aos líderes mundiais para que pressionem os russos. Acordo é válido por mais um mês.
Menos no campo diplomático, mais na frente de batalha, as notícias continuam a chocar o Mundo. Especialmente, quando, como acontece frequentemente desde o início da agressão russa à Ucrânia, os alvos do invasor atingem diretamente as populações civis.
A Organização das Nações Unidas denunciou, esta quinta-feira, que um novo ataque aéreo atingiu instalações usadas para distribuir assistência humanitária na Ucrânia, lamentando que as infraestruturas civis continuem a não ser poupadas no conflito.
Boas leituras!