A extrema-direita na Alemanha e o centralismo em Portugal
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Nunca tinha acontecido na Alemanha, desde o fim da II Guerra Mundial e do regime nazi. Um partido de extrema-direita venceu as eleições estaduais na Turíngia e ficou em segundo no estado da Saxónia. A mesma AfD (Alternativa para a Alemanha) que se tornou incómoda até para os seus parceiros da direita radical no Parlamento Europeu (incluindo o Chega).
Com uma campanha eleitoral marcada por um atentado terrorista em Solingen (um cidadão sírio a quem foi recusado asilo matou três pessoas à facada), os extremistas de direita foram os principais beneficiários de uma retórica abrasiva relativamente aos imigrantes, e em particular aos imigrantes muçulmanos.
Para a coligação no Governo, liderada pelos sociais-democratas e apoiada por Verdes e liberais, foi uma noite catastrófica. Juntos somaram pouco mais de dez pontos percentuais. O chanceler Olaf Scholz sentiu-se “amargo” e tem boas razões para isso. Porque as eleições federais estão à porta e porque já há quem, no centro-direita, admita romper o “cordão sanitário” que até aqui afastou a AfD do poder. E em particular o seu líder na Turíngia, duas vezes condenado em tribunal por causa do recurso desavergonhado à retórica nazi.
Mas as notícias com impacto a nível internacional não se esgotam na Alemanha. Em Israel, decorre uma greve geral, causada, não por conflitos laborais, mas pela guerra em Gaza e pelos seus efeitos. A gota que fez transbordar o copo foi o anúncio de que os terroristas do Hamas terão executado seis reféns, quando os militares israelitas se aproximaram do túnel onde os mantinham cativos. As famílias dos reféns acusam o primeiro-ministro Netanyahu de preferir a guerra ao cessar-fogo e de, com isso, estar a condenar todos os reféns a uma morte certa.
Por cá, agora que acabou agosto, é tempo dos pais começarem a fazer contas à vida sobre quanto vai custar equipar os filhos para o regresso às aulas. E já há alunos que sabem que vão começar o ano letivo sem os manuais. Parece haver coisas que nunca mudam.
Na frente político-partidária, em tempo de discutir o Orçamento do Estado para 2025, e apesar dos muitos comícios do fim-de-semana, ficou tudo na mesma. A guerrilha entre os dois principais partidos, pelas vozes de Luís Montenegro (PSD) e Pedro Nuno Santos (PS) mantém-se elevada e um acordo parece longínquo, apesar do otimismo do presidente da República.
No futebol, está quase a encerrar o mercado. Para os adeptos mais apaixonados, são umas poucas horas para roer as unhas, seja porque pode sair mais um craque para as arábias (o portista Galeno, por exemplo), seja porque pode ainda chegar quem ajude a colmatar as falhas do início da época (o turco Kerem Akturkoglu, para o Benfica). Quem fica e quem sai? Pode acompanhar tudo ao minuto no seu JN.
Para leituras mais pausadas e densas, deixo-lhe uma recomendação. Desde logo o artigo de opinião de Miguel Cadilhe, “O grande centralismo”. O antigo ministro das Finanças estreia-se nas páginas do JN, para uma série de artigos no âmbito da sua intervenção no Círculo de Estudos do Centralismo. Deixo uma frase: “Pode a social-democracia abraçar o centralismo? Não, não pode. A tecnocracia pode, até pode servi-lo; a ditadura pode, até pode servir-se dele; a democracia e a social-democracia não podem, não devem. Porém, ao que parece, este Governo da AD não gosta da alternativa ao centralismo que é a “democracia regional” de Sá Carneiro e da sua AD. E porquê? Não vejo fundamentação, consistência, estudo. Vejo superficialidades, impressões, falácias.”
Finalmente e, como estamos já em setembro, tempo de vindimas, mas ainda com a promessa de muito verão pela frente, despeço-me com uma sugestão da Evasões. São cinco programas de norte a sul, com copo cheio e mesa farta.