Começa esta quarta-feira a Volta a Portugal em bicicleta, a grande prova velocipédica do desporto nacional. Até ao dia 20 de agosto, o país vai estar ligado de uma ponta à outra através do espírito de sacrifício e da capacidade de resistência dos ciclistas. O espetáculo promete.
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Qualquer desporto tem uma componente imprevisível, nem sempre ganha o favorito, o melhor, o mais bem preparado. O ciclismo também tem esse lado espetacular, além de ter outras características: é uma prova de resistência, de sacrifício, capaz de desafiar os limites físicos e psicológicos. E tem uma componente de proximidade com o povo, sempre a preencher a estrada, a ver de perto os heróis, a incentivá-los num espetáculo de fair play e sem rivalidades tóxicas. É este o pano de fundo da 84.ª edição da Volta a Portugal, que começa esta quarta-feira em Viseu e termina no dia 20 de agosto em Viana do Castelo e que vai merecer a melhor atenção do JN.
Todo este espetáculo de emoção vai estender-se durante dez etapas, por 19 equipas, em 1598 quilómetros de emoções fortes à flor da pele, a levar o ciclismo a muitos pontos do interior do país. Desta vez, do Algarve até ao Alto Minho, onde a prova fecha num contrarrelógio que pode ser decisivo para encontrar o grande vencedor da competição. Maurício Moreira, vencedor do ano passado, parte como o grande favorito, mas há outros nomes a ter em conta como Joaquim Silva, Luís Fernandes e António Carvalho numa prova que vai decidir-se muito nos terrenos inclinados da Serra da Estrela e da Senhora da Graça.
De forma a aumentar a espetacularidade numa Volta a Portugal cada vez mais nivelada, Joaquim Gomes, diretor da corrida, resolveu recuperar as bonificações de tempo nas metas volantes e no final das etapas para aumentar a competitividade no pelotão e levar muitos favoritos a terem de arriscar na vitória de uma tirada, em vez de promoverem uma corrida de puro controlo do tempo dos adversários.
De forma a preparar a participação na prova, muitas equipas estagiaram na Serra da Estrela para que os ciclistas se pudessem ambientar às exigências da altitude e assim ganharem uma maior camada de resistência numa competição que é uma autêntica maratona. Todos os pormenores foram pensados, desde a alimentação rica em hidratos de carbono, até à monitorização do rendimento dos ciclistas, feita a partir de plataformas eletrónicas.
Numa era cada vez mais tecnológica, as bicicletas também espelham o caminho da modernidade e são a ferramenta indispensável para levar os 130 ciclistas inscritos a cortar a meta final. Custam 15 mil euros, o preço de um automóvel, têm travões de ponta, carretos supersónicos, selins confortáveis, são leves como uma pena e muito resistentes. Tal e qual a resistência de um ciclista para enfrentar o calor, a inclinação do terreno e o ataque dos adversários. Emoção não falta. A Volta a Portugal está na estrada.