Os estilhaços da aparição de Passos, as detenções sonantes e os desenvolvimentos em dois julgamentos mediáticos.
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Primeiro, era o tabu. Passos Coelho, antigo líder social-democrata e primeiro ministro português entre 2011 e 2015, daria ou não um ar da sua graça na campanha da Aliança Democrática (AD), dando o empurrãozinho da praxe a Luís Montenegro? As dúvidas desfizeram-se ontem, quando o antigo chefe de Governo marcou presença na Escola de Hotelaria e Turismo do Algarve.
Mas a aparição deixou o atual líder com as orelhas a arder. É que, entre críticas à esquerda e apelos implícitos a uma maioria absoluta da AD, Passos Coelho decidiu focar o tema da segurança. Na verdade, fez mais do que focá-lo. Relacionou uma alegada sensação de insegurança com a imigração, replicando um discurso que tem sido caro à extrema-direita em toda a Europa, e ao Chega de André Ventura em particular.
E se Ventura agradeceu a intervenção, bem diferente foi a reação dos partidos à esquerda. Ainda ontem, Pedro Nuno Santos (PS) criticou o “discurso colado ao Chega”. Hoje, voltou à carga, afirmando que Passos e Montenegro são “duas faces da mesma moeda”.
Mas as críticas não ficaram por aí. Mariana Mortágua (BE) considerou a tirada um “disparate de todo o tamanho” e uma “mentira desmentida pelos factos”. Inês Sousa Real (PAN) disse que a entrada de Passos na campanha vinha “aproximar a AD da agenda do Chega”. Rui Tavares (Livre) acusou mesmo ex-primeiro-ministro de “branquear aspetos políticos da extrema-direita”.
De acordo com os dados do último Relatório Anual de Segurança Interna (RASI), referente ao ano de 2022, há uma “tendência de descida, tanto na criminalidade geral como na criminalidade violenta e grave”.
Da política para a justiça, foram detidos quatro suspeitos de agressão ao segurança de André Villas-Boas, antigo treinador do F. C. Porto e candidato à presidência dos dragões nas próximas eleições. Pode saber mais sobre a operação que levou às detenções aqui.
Nota ainda para os desenvolvimentos no julgamento de Marco “Orelhas”, acusado de ter assassinado Igor Silva durante os festejos do título azul e branco, em 2022, e no de Mário Machado, o militante neonazi que está a ser julgado por incitamento ao ódio e à violência. Ele e outros arguidos terão apelado online à "prostituição forçada" de mulheres de partidos de esquerda.
Da Rússia, chega-nos outra notícia pouco abonatória para a liberdade. Depois da morte de Navalny numa prisão da Sibéria, agora o seu advogado foi detido em Moscovo. Haverá alguém capaz de travar Vladimir Putin?
Despeço-me com votos de que a resposta seja afirmativa. E de que tenha uma boa semana. Com boas leituras, de preferência. E a serenidade de quem vive num país seguro.