Orçamento à espera do último match point no dia do adeus de Nadal
Depois de semanas a fio de discussões, tentativas de acordo ou garantias de rejeição, o Orçamento de Estado para 2025 foi apresentado esta quinta-feira. À Esquerda e à Direita torce-se o nariz às propostas. A aprovação ou não será o último "match point". O filme do dia em que Nadal anunciou o adeus aos couts de ténis.
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O Orçamento de Estado (OE) dominou as parangonas dos últimos dias, um cenário, aliás, previsto desde o dia das eleições, em que o país escolheu um Governo de maioria muito escassa. Apontava-se outubro como o grande teste à resistência de Luís Montenegro e da sua equipa, sempre sob o espetro de uma eventual rejeição, que nos atiraria para um cenário de crise política. O documento que faz contas às contas de todos nós foi finalmente apresentado, mas se tem pernas para andar ou não, só daqui a uns tempos se poderá confirmar.
"Um orçamento é dizer ao seu dinheiro para onde deve ir em vez de se perguntar para onde foi”, defende Dave Ramsey, um famoso consultor financeiro norte-americano. O Governo garante que no próximo ano irá beneficiar muitos setores. Desde logo, os mais idosos. Na apresentação de Miranda Sarmento, ministro das Finanças, o Executivo prometeu continuar em 2025 a "trajetória clara de reforço do complemento solidário para idosos, com o objetivo de atingir 820 euros até ao final da legislatura", e cumprir a gratuitidade dos medicamentos prescritos a este grupo mais vulnerável, alargando o número de idosos abrangidos.
Também para a Educação ficou a promessa de mais 477,3 milhões de euros em 2025. Uma das prioridades é a valorização da carreira docente. A despesa com o pessoal vai ter um acréscimo de 186,8 milhões nomeadamente para pagar a recuperação do tempo de serviço.
Mas se há um tema que concentra todas as atenções é, sem hesitações, a saúde, especialmente num país que vive cenários de falta de médicos, urgências fechadas e situações de caos frequentes nas que estão a funcionar. Ora, o Orçamento do Estado 2025 dedica 16,9 mil milhões de euros à saúde, mais 9% do que a execução estimada até ao final deste ano. Daquele total, quase 14 mil milhões de euros são para o Serviço Nacional de Saúde.
Estes são alguns dos principais destaques anunciados esta quinta-feira pelo Executivo. Mas, se o leitor que quer saber mais, o JN possibilita aqui a leitura do relatório completo do Orçamento de Estado 2025.
Impõe-se a pergunta: Serão estas intenções de reforço financeiro suficientes para agradar à Oposição? A resposta é não! Apreensão" à Esquerda, "enorme deceção" à Direita, escreve o jornalista do JN, João Vasconcelos e Sousa. E cita exemplos: Rui Rocha, da Iniciativa Liberal considerou que o OE "é muito mais de Fernando Medina do que de Miranda Sarmento" e questiona: "Será que o PSD da campanha eleitoral viabilizaria o OE apresentado pelo PSD no Governo?
Paula Santos, do PCP, afirmou que o OE "confirma as apreensões" do partido, uma vez que "aprofunda injustiças e desigualdades" sem abrir caminho à "valorização efetiva" de salários e pensões.
O PS reagiu pela voz da líder parlamentar, Alexandra Leitão. Lembrando que "não há acordo com o Governo", a socialista referiu que o seu partido irá analisar o OE "livremente", lendo-o "com todo o cuidado".
Já do lado dos partidos do Governo, Paulo Núncio, do CDS sustentou que o país está perante um OE que "vai melhorar a vida das pessoas". E deixa a pergunta: Como é que é possível que a Oposição tenha tantas dúvidas em viabilizar?
Outros temas marcaram esta quinta-feira. Alguns que, apesar de não serem uma "novidade absoluta", deviam envergonhar muito boa gente. É o caso da denúncia da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP) que dá conta que a caldeira da divisão de Vila Nova de Gaia está há mais de um mês inoperacional, situação que interfere na higiene e no treino dos agentes.
Esta quinta-feira soube-se também que o país se livrou por pouco de assistir a (mais) uma tragédia no verão. Dois aviões de passageiros estiveram a 180 metros de distância entre eles em pleno voo, quase metade da distância mínima de segurança, junto ao aeroporto de Faro, quando a torre de controlo preparava uma aterragem de emergência de uma terceira aeronave
Finalmente, o desporto e o adeus de uma lenda dos courts de ténis. Rafael Nadal anunciou o fim da carreira para o próximo mês de novembro, após a Taça Davis, onde estará ao serviço da seleção espanhola. Tido, de forma unânime, como o rei da terra batida, marcou uma era no ténis pela potência e energia que aplicava no seu jogo e pela tenacidade com que encarava cada ponto.