Corpo do artigo
Dois ministros a demarcarem-se dos eventuais crimes de corrupção do seu secretário de Estado. Um ex-autarca e deputado até ontem, também acusado de corrupção, proibido de contactar com outros políticos. O falhanço das negociações entre o Ministério da Saúde e os médicos. Uma prática cruel que afeta um quinto das pessoas LGBT+. E a despedida de Tony Bennet. Os temas que marcam esta sexta-feira. Boa-noite.
No dia a seguir ao debate do estado da nação, em que António Costa quis desenhar a cor-de-rosa o cenário político do país, dois ministros foram ouvidos na Assembleia da República sobre o mais recente caso que levou à 13.ª demissão no Governo. A audição da ministra da Defesa Nacional, Helena Carreiras, e do anterior titular na pasta, João Gomes Cravinho decorreu exatamente duas semanas depois de Marco Capitão Ferreira ter apresentado a demissão do cargo de secretário de Estado da Defesa no dia em que foi constituído arguido na operação “Tempestade Perfeita”.
O atual titular dos Negócios Estrangeiros garantiu não ter dado qualquer "indicação" para que Marco Capitão Ferreira fosse contratado pela Direção-Geral de Recursos da Defesa Nacional (DGRDN). O pedido surgiu no âmbito de um contrato para manutenção de helicópteros. "Não houve, em nenhum momento, qualquer indicação da minha parte a esse respeito", garantiu Gomes Cravinho, frisando que não lhe competia "interferir" nas decisões da DGRDN e que a decisão de recorrer aos serviços de Capitão Ferreira foi "exclusivamente" da responsabilidade desse organismo. Mais: não o conhecia antes de exercer funções na Defesa e, quando entrou em funções, apercebeu-se "rapidamente" de que "era uma das raras pessoas com conhecimento aprofundado" da área.
Por seu lado, a atual ministra da Defesa disse ter convidado Capitão Ferreira para secretário de Estado por se tratar de um "perito" que tinha um "perfil adequado" para o cargo. "Nunca detetei qualquer indício de que o secretário de Estado da Defesa Nacional não agia no estrito cumprimento das suas competências e do respeito pela lei", declarou Helena Carreiras.
O ex-governante é suspeito dos crimes de corrupção e participação económica em negócio. Um dos casos em que alegadamente estará envolvido é um contrato de assessoria assinado em 2019 entre o ex-secretário de Estado e a Direção-geral de Recursos da Defesa Nacional, à data liderada por Alberto Coelho, outro dos implicados no processo e nome ligado à derrapagem dos custos na requalificação do antigo Hospital Militar de Belém. Com uma vigência de 60 dias e no valor de 50 mil euros mais IVA (61,5 mil euros), o contrato de assessoria no âmbito da renegociação dos contratos de manutenção dos helicópteros EH-101 foi assinado em 25 de março de 2019 e os serviços foram concluídos quatro dias depois, em 29 de março desse ano.
Se entretanto já se perdeu neste imbróglio, tem AQUI um explicador que resume as polémicas e o percurso de Marco Capitão Ferreira, o ex-secretário de Estado que está no centro da “Tempestade Perfeita”.
Outro caso que abalou a credibilidade da classe política foi o de Pinto Moreira, ex-autarca de Espinho e deputado do PSD até ontem. Acusado de corrupção e tráfico de influência, além de violação de regras urbanísticas, no âmbito da “Operação Vórtex”, está agora proibido de contactar políticos e funcionários da Câmara de Espinho, além de testemunhas e os outros arguidos. A decisão foi tomada esta sexta-feira à tarde pelo juiz Pedro Miguel Vieira, no Tribunal de Instrução Criminal do Porto. Recorde-se que agora ex-deputado já está sujeito a termo de identidade e residência mas, como entretanto foi formalmente acusado de corrupção, o Ministério Público (MP) pediu a alteração das medidas de coação e uma caução de 200 mil euros - o que não decretado pelo magistrado.
São cinco os responsáveis da autarquia acusados de crimes de corrupção passiva, tráfico de influência, prevaricação e violação das regras urbanísticas por funcionário. Além de Pinto Moreira, o MP visou o ex-presidente da Câmara Miguel Reis e três funcionários da autarquia, além dos corruptores ativos, que seriam os empresários Paulo Malafaia e Francisco Pessegueiro, assim como o arquiteto de Espinho João Paulo Rodrigues. O esquema visava favorecer os empreendimentos imobiliários dos empresários através de favores pagos à cúpula da autarquia do PSD e do PS.
Tudo na mesma. Depois de mais uma ronda negocial com o Ministério da Saúde, os sindicatos dos médicos confirmaram as greves marcadas para as próximas semanas, alegando que o Governo voltou a não apresentar propostas concretas na reunião negocial que decorreu esta tarde. O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) manteve a paralisação marcada já para 25, 26 e 27 de julho. E a Federação Nacional dos Médicos (FNAM) vai avançar com dois dias de luta, a 1 e 2 de agosto. E fica o aviso: se o Governo não enviar propostas antecipadamente, não comparecerão na nova reunião marcada para a manhã da próxima sexta-feira.
É uma prática tão controversa quanto cruel e ineficaz, mas muito mais frequente do que se imaginava. Um estudo realizado por um investigador do Instituto Universitário de Ciências Psicológicas, Sociais e da Vida (ISPA) mostrou que uma em cada cinco pessoas LGBT+ em Portugal são sujeitas a práticas de conversão para forçá-las a mudar a sua orientação sexual ou identidade de género. Os resultados revelam que, das 424 pessoas LGBT+ que responderam, de forma anónima, a um questionário online, 91 afirmaram terem sido sujeitas a práticas de conversão em contexto religioso, médico ou psicoterapêutico.
Baseadas no pressuposto, há muito negado pela ciência, de que homossexualidade e a transexualidade são doenças do foro mental, o objetivo é curar as pessoas LGBT+ e transformá-las em heterossexuais e cisgénero. Um discurso "subtil, implícito e manipulador" replicado muitas vezes "por parte de psicólogos e psiquiatras, mas também de pessoas ligadas à igreja", aponta Pedro Alexandre Costa.
E na Turquia nem é preciso ser. Basta parecer. E estar no sítio errado à hora errada. Miguel Álvaro Pereira estava de férias em Istambul num dia em que se realizava uma marcha gay. As autoridades suspeitaram que seria homossexual e mantiveram-no detido 19 dias. "Fui rodeado por vários polícias [oito, segundo se lembra]. Agarraram-me os braços e tentei libertar-me. Um deles bateu-me nas costelas, empurraram-me contra uma carrinha, bateram-me no ombro, que ficou a sangrar. Depois de cinco horas na carrinha da polícia, em que só me disseram para me calar e estar quieto, um deles explicou-me que tinha sido detido por causa da minha aparência“, relatou o sul-africano com cidadania portuguesa. "Pensaram que participaria numa marcha LGBTI+ não autorizada que ia acontecer ali perto, por parecer gay. Estava no sítio errado à hora errada."
No Porto, as mais de 100 lojas do Stop que foram seladas por falta de licença vão reabrir, de forma temporária, voltando a acolher os cerca de 500 músicos que ali têm estúdios e salas de ensaio. O centro comercial passará a funcionar das 10.30 às 22.30 horas, com a presença permanente dos bombeiros, sendo também repostos elementos de segurança, como mangueiras, extintores de incêndio e alarmes. A expectativa é que tudo possa ser feito em 24 horas, anunciou esta tarde o presidente da Câmara, Rui Moreira. A concentração dos músicos despejados que ali ensaiavam, marcada para segunda-feira em frente à Câmara, para exigir a reabertura imediata do local, mantém-se.
Diagnosticado com Alzheimer em 2016, continuou a cantar a gravar até 2021. Um dos últimos momentos tocantes protagonizou-o com Lady Gaga. Morreu hoje, aos 96 anos. “I’ve got you under my skin”, Tony Bennet . Recorde-o AQUI.