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Esta manhã, os tempos de espera para doentes urgentes em três hospitais de Lisboa e Vale do Tejo eram superiores a seis horas, muito acima do tempo médio recomendado.
Em Loures, uma pulseira amarela (urgente) chegou a ter de esperar sete horas e 35 minutos para ser atendida. Uma das recentes medidas na área da Saúde para descongestionar as urgências foi recomendar, e até obrigar, a que os utentes ligassem primeiro para o SNS24 antes de se dirigirem a um hospital. Este ano, a linha registou mais de 3,4 milhões de chamadas, quase o dobro de 2023. Porém, também aqui a procura parece ser superior à oferta. Quem ontem ligasse para o SNS24 era aconselhado a ligar mais tarde ou então sujeitava-se a uma longa espera. Antes de urgentes, somos afinal todos doentes prolongados.
A Câmara do Porto, a PSP e a Proteção Civil apresentaram esta manhã o plano de segurança e mobilidade para a noite de passagem de ano. São esperadas centenas de milhares de pessoas e as autoridades recomendaram a utilização de transportes públicos. Há um problema: o Sindicato dos Maquinistas anunciou uma "greve total" no Metro do Porto para 31 de dezembro e 1 de janeiro. Ou seja, quem decidir ir de metro arrisca-se a perder o fogo de artifício. Já quem for de autocarro, além de champanhe, deve levar um banquinho porque as esperas são longas e as paragens modernas só têm encosta-traseiros.
Em Lisboa, sacos e caixas de cartão acumulam-se e empilham-se à espera dos trabalhadores da higiene urbana, que também estão em greve. Ao segundo dia de uma paralisação que se estende até à próxima quinta-feira, o lixo espalha-se pelos passeios atraindo gaivotas e outros animais. A Câmara confirma que a situação se agravou, mas ainda não é "o pior cenário". Será que no final, como diz a cantiga, Lisboa ainda vai cheirar bem?
Indiferentes aos cheiros, os adeptos dos dois grandes de Lisboa aguardam ansiosamente pelo clássico do próximo domingo. Os adeptos benfiquistas esperam que Bruno Lage dê sequência às vitórias que tem conseguido desde que regressou ao clube. Os adeptos sportinguistas esperam que, no seu primeiro jogo no banco leonino, Rui Borges dê mais ares de Rúben Amorim do que do recém-dispensado João Pereira. É esperar para ver.
Frise-se que esperar não é agradável, mas nem sempre é mau. Por vezes até pode salvar vidas. Por exemplo, na estrada, onde nunca é bom ter pressa. Este ano, de 18 a 26 de dezembro morreram 15 pessoas nas estradas portuguesas. No ano passado, nos mesmos nove dias, apenas tinham morrido duas. Ninguém gosta de esperar, mas também não é preciso andar sempre a correr.