Fotógrafo premiado, autor de um raro retrato de um lince-ibérico. Aventureiro curioso que aprecia a simplicidade.
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António Coelho, natural de Santa Maria da Feira, tinha 24 anos, o curso de Gestão da Faculdade de Economia do Porto, quando saiu de Portugal para trabalhar numa multinacional na área financeira em Londres. "A partir daí, o Mundo abriu-se, cada novo país foi uma aventura, pessoal e profissional", conta. Viveu em Nairobi, Kuala Lumpur, Los Angeles. "Essa experiência deu-me uma visão verdadeiramente global." Neste momento, é diretor financeiro numa empresa de aviação no Dubai.
A fotografia começou como hobby e tornou-se paixão. É fotógrafo da vida selvagem, distinguido em concursos internacionais, como os Sony World Photography Awards e o Fine Art Photography Awards. O fascínio vem do desafio. "Na vida selvagem nada é garantido, cada imagem é fruto de paciência, respeito e, muitas vezes, sorte."
É o autor do retrato de um lince-ibérico de uma das maiores campanhas mundiais de fotografia solidária, a Prints for Wildlife. Em cada edição, participam cerca de 200 fotógrafos de renome mundial. "Já acompanhava esta iniciativa com grande admiração e, este ano, tive a enorme honra de ser convidado como o único fotógrafo português." Escolheu a imagem desse belo animal. "Foi captada numa zona remota de Espanha, depois de um dia inteiro de espera num abrigo fotográfico. Quando já achava que não ia ver nada, surgiu este jovem lince, sereno, atento, absolutamente magnífico. Ficou apenas alguns segundos e desapareceu na floresta. Foi um instante fugaz, mas inesquecível." Em apenas duas semanas, a sua fotografia arrecadou mais de 250 mil dólares para a conservação da Natureza em mais de 100 países.
No ano passado, fez uma das viagens mais marcantes, à região de Ladakh, nos Himalaias indianos, para fotografar o agnifi-das-neves, um dos felinos mais raros do Planeta. Dias de caminhada em altitudes extremas, com temperaturas de mais de 20 °C negativos. "Tive a sorte de observar este animal magnífico no seu habitat . Foi uma experiência transformadora, que me ensinou muito sobre paciência, humildade e respeito perante a natureza."
Em dezembro de 2004, estava de férias nas ilhas Phi Phi, na Tailândia. Sobreviveu a um dos piores tsunamis da História, em que morreram mais de 227 mil pessoas. Ficou debaixo dos escombros, perdeu a consciência, recuperou, gritou, foi levado para o hospital em estado de choque. "Marcou-me profundamente. Fez-me perceber como a vida pode mudar num instante e a importância de valorizar cada momento."
Em 2022, formou-se como guia de safáris no Maasai Mara, no Quénia. António aprecia a simplicidade, estar em plena Natureza, uma boa conversa, partilhar momentos com quem ama. "Tento viver com gratidão, curiosidade e a vontade de deixar algo positivo."
António Coelho
Localização Emirados Árabes Unidos
Profissão Diretor financeiro numa companhia de aviação
Idade 45 anos