O calendário de advento do presidente da República

"Tenho uma apreciável coleção de presépios de Natal. Embora nada de comparável com, por exemplo, a da senhora Dr.ª Maria Cavaco Silva, várias vezes exposta. E dessa minha minicoleção escolho sempre um diferente para cada Natal.

Mas ainda não escolhi o deste ano. Será essa a minha peça preferida de Natal.E, depois, tenho sempre - ou quase sempre - uma peça de eleição que é uma recordação de infância. Um calendário de advento com janelinhas que se abrem. Uma por cada dia de dezembro, até ao Natal.Tem sido cada vez mais difícil de encontrar no comércio tradicional, em Lisboa, onde outrora havia muitos.

Hoje, só em tabacarias velhinhas ou vendas para causas sociais. Apesar de saber que os posso encontrar em grandes superfícies, gosto da ideia desta epopeia pela cidade.

Recordo o tempo em que a minha mãe aparecia com ele, no final de novembro, e era uma delícia viver a excitação dos cinco aos oito anos e a tradição divertida a partir dos nove até aos onze.

Depois, era gozar o mesmo percurso dos irmãos mais novos até chegarem os filhos e a nova vaga de calendários. Já não deu para os netos. Havia calendário, mas o tempo e o espaço eram outros. O ritual servia, sobretudo, para contar as histórias dos anos 50 a 70.

Este ano, tive a sorte de comentar isto com a equipa da "Notícias Magazine". E foi assim que, ao invés de palmilhar as ruas como habitualmente em busca do calendário de advento, o advento chegou até mim num dia de muito trabalho."