
Foto: Rita Chantre
A atriz ainda hoje se lembra do casaco que recebeu na adolescência e recorda a história.
"Não foi o melhor presente que já recebi, mas foi o que mais me marcou. Um casaco de inverno, curto, cheio de pelo, a fazer lembrar os casacos da serra da Estrela, com muito volume, macio, muito quentinho. Teria talvez os meus 14 anos e namorei o casaco durante semanas a fio, sempre a espreitá-lo na montra de uma loja, de tão bonito que era.
Às tantas, comentei com os meus pais o quanto gostava dele. Foram prontos na resposta: "Nem pensar, custa um balúrdio, é caríssimo e é só um casaco". Estava fora de questão. Até que, no Natal, fui surpreendida com uma enorme caixa, que o meu irmão não aguentou esconder por muito tempo. Não quis dar-me num saco para não ser óbvio e recordo-me de ter ficado intrigada com tão grande caixa. Talvez por não estar mesmo à espera é que esta prenda me marcou tanto.
Foi o meu irmão que conseguiu convencer os meus pais, por saber que era importante para mim, e aquele gesto valia muito mais do que o valor do casaco. Sabia a forma como os meus pais geriam as finanças, somos três filhos, e a surpresa de o receber foi absoluta. Fiquei de queixo caído, fascinada, feliz, tão feliz.
Usei-o muito, muito mesmo, com vinte anos ainda o usava. Talvez a minha irmã mais nova, que herdava muita roupa minha, também o tenha usado. O facto de ter sido o meu irmão a juntar-se aos meus pais para fazer aquilo acontecer tornou tudo mais especial. Lembro-me deste presente até hoje."
Cláudia Vieira
Atriz e apresentadora
