Rapper P. Diddy organizava as festas grandiosas, que não passavam de uma tentativa de se manter nas luzes da ribalta. O músico é acusado de tráfico sexual, extorsão, agressão física, entre outros crimes.
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Em tempos, as festas do rapper P. Diddy eram as mais cobiçadas na indústria do entretenimento. Com uma lista de convidados de luxo, como Justin Bieber, Mariah Carey ou Jennifer Lopez, os eventos eram a única oportunidade de os presentes conviverem com algumas das maiores celebridades.
“Quando o Diddy piscava o olho e dizia para entrares na secção VIP, sabias que seria uma noite muito boa”, relatou Rob Shuter, ex-publicitário do produtor musical, à BBC News.
Shuter trabalhou com Sean "Diddy" Combs entre 2002 e 2004. Após a fundação da Bad Boy Records em 1993, editora que agenciou nomes como Notorious B.I.G. e Usher, o músico queria elevar a carreira, tendo usado as festas para se manter nas luzes da ribalta.
O antigo funcionário revelou, na mesma entrevista, que o cantor era obcecado pelo poder. O trabalho de Shuter era ajudar Puff Daddy, como também é conhecido, a manter-se no topo.
Apesar das acusações que o rapper enfrenta - tráfico sexual, extorsão, agressão física, entre outras - Shuter nunca testemunhou nenhuma má conduta sexual. "Eu vi o desequilíbrio de poder", explicou à publicação britânica. "O que eu não vi é o que agora é alegado, o que é simplesmente horrível", acrescentou.
Obsessão pela família real
Shuter fez, a pedido do rapper, mais de dez chamadas ao príncipe William e ao príncipe Harry com convites para as festas, oferecendo-se para pagar viagens, estadia e, até mesmo, segurança.
Num luxuoso apartamento de Nova Iorque, nos EUA, o magnata da música tinha fotografias emolduradas dos príncipes, contou o funcionário. "Ele pensava em si mesmo como um rei, então fazia todo o sentido ter dois príncipes na sua comitiva", sublinhou. Os filhos de Carlos III nunca aceitaram, no entanto, os convites.
Festas brancas eram palco de abusos
Em Los Angeles, P. Diddy morava naquela que ficou conhecida como a rua mais cara de Beverly Hills, apenas alguns portões acima da mansão da Playboy de Hugh Hefner.
Os vizinhos explicaram, à BBC News, que viam mulheres a todas as horas "a sair e sentar-se na rua, sem saber onde estavam". Fizeram várias chamadas à polícia, entre o final da década de 1990 e o anos 2000.
Todos os anos, até 2009, o rapper organizava as "festas brancas". Inicialmente nos Hamptons, em Nova Iorque, as festas tinham um código de vestimenta restrito ao branco e reuniam várias figuras de elite e estrelas do hip hop.
Nesses eventos, homens e mulheres dizem ter sido coagidos ou forçados a fazer sexo, por Combs ou pelos seus funcionários. Nas ações movidas contra o produtor, vítimas afirmam que as carreiras foram sabotadas por não cederam aos caprichos do magnata.
Esta semana, os advogados de P. Diddy criticaram o representante legal das alegadas 120 vítimas de abuso sexual, Tony Buzbee, pela "enxurrada de ações judiciais" que moveu contra o rapper. Segundo a equipa, chefiada por por Alexander A. E. Shapiro, as mesmas não passaram de "tentativas claras de publicidade".
"No tribunal, a verdade prevalecerá: que o Sr. Combs nunca agrediu sexualmente ninguém – adulto ou menor, homem ou mulher", sublinharam em comunicado, enviado à "Page Six".
Acusações não têm fim
No processo criminal, de 14 páginas, são mencionadas as "freak-offs", maratonas sexuais gravadas pelo anfitrião com o objetivo de chantagear os participantes.
Durante essas festas, que aconteciam em quartos de hotel entre Nova Iorque e Los Angeles, a cetamina, lubrificante e iluminação eram essenciais. Sean "Diddy" Combs agredia as vítimas com objetos e os ferimentos demoravam semanas a cicatrizar, referem os documentos.
De acordo com a acusação, os participantes eram drogados e coagidos a permanecer "obedientes". Os envolvidos tomavam fluidos intravenosos para se recuperar, alegam os promotores.
Em novembro de 2023, Cassandra Ventura, de nome artístico Cassie, acusou P. Diddy, com quem namorou entre 2007 e 2018, de violência física e violações. Na ação movida contra o produtor e magnata da música, a cantora alegou que Combs a levou para o seu "estilo de vida ostensivo, acelerado e movido a drogas" não muito depois de se conhecerem e ela assinar contrato com a sua editora, Bad Boy Records, quando a cantora tinha 19 anos e o rapper 37, em 2005.
As acusações de Cassie foram fulcrais para que outras mulheres avançassem com as denúncias contra Diddy, nomeadamente Thalia Graves e Jane Doe.
Detido na madrugada de 16 de setembro, P. Diddy aguarda o julgamento, marcado para 5 de maio de 2025, no Centro de Detenção Metropolitano de Brooklyn.