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Por estes dias, há adolescentes angustiados a pensar nos exames nacionais que estão à porta e pais com o coração nas mãos, à espera do que o futuro reserva aos filhos que têm uma carreira profissional pendente da conclusão do Secundário. Esse será o primeiro grande teste dos mais jovens para enfrentarem os medos e superarem todas as angústias que a vida lhes coloca pela frente. Mas talvez seja demasiado cruel colocar em cima da balança o peso de uma prova que representa uma carreira escolar inteira e com o sucesso pendente de vários fatores, entre eles a capacidade de preparação, maturidade, conhecimento e, sobretudo, a força para saber conviver com a pressão num dos primeiros momentos mais decisivos da vida.
Cada vez mais os jovens estão sujeitos ao desafio de serem os melhores em tudo e terem de tomar decisões mesmo antes de a vida lhes dar calo e conhecimentos para enfrentarem todos os medos. A culpa também é dos pais que os olham à procura daquilo que eles próprios nunca foram, sonhando sem barreiras e, às vezes, colocando-lhes objetivos inatingíveis, sem decifrarem a realidade tal e qual como ela se apresenta à frente dos olhos. A preparação até pode ser grande em matérias tecnológicas, mas é escassa no que diz respeito à literatura, cultura geral, capacidade interpretativa e de escrita, o que produz reflexos nos capítulos mais práticos da vida.
A pressão a que os jovens estão sujeitos também é transversal às mais variadas modalidades desportivas. Veja-se o caso de Quenda que se transferiu do Sporting para o Chelsea por 51 milhões de euros, uma fortuna tendo em conta que se trata de um miúdo com apenas 17 anos e que só irá para Inglaterra no final da próxima temporada. O prodígio do Sporting vai ter de saber conviver com a fama e a exigência de um preço demasiado alto numa indústria sempre inflacionada e que também destrói heróis quando menos se espera.
Também João Félix chegou como um salvador ao Atlético de Madrid, mas nunca soube conviver com o peso em cima dos ombros de ter custado 120 milhões de euros, afundando-se individualmente mesmo que tenha no currículo vários clubes de topo. Quenda terá de ser como os alunos que vão fazer os exames nacionais: não basta ter qualidade. Também terá de saber conviver com a pressão.