Há muito tempo que não dou abraços a quem gosto.
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Tirando, obviamente, os mais próximos. Ainda anda por aí o vírus maldito e, mesmo com vacinas, há que ter cuidados. Há, porém, abraços que não invejo. Tenho visto muitos, por estes dias.
São abraços apertados, intensos, demorados, que foram tornados públicos (e eternizados) por imagens que correm mundo. São abraços que carregam lágrimas e dor, que marcam para sempre.
Acredito que todos os que dão esses abraços murmuram um "até breve". Com o coração apertado pelo medo que esse desejo não se concretize.
As famílias ucranianas que a guerra está a separar levam-me a não querer abraços desses. Nem a querer voltar a vê-los. À hora em que escrevo este desabafo, a voz que sai do televisor conta histórias sofridas. E eu, sentindo-me privilegiada, abraço o meu filho e digo-lhe "amo-te".
*Jornalista