Uma amiga fez-me chegar, entre o espanto e a indignação, uma foto do computador que o filho estava a utilizar para trabalhos educativos.
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Na sequência da declaração do estado de emergência, quando as escolas fechavam e nada ainda se sabia sobre como iriam prosseguir os estudos, seguindo a recomendação de diversas escolas, pôs o filho a utilizar a Escola Virtual, um programa interativo da Porto Editora (a grande editora de livros escolares), na altura disponibilizado gratuitamente. Aluno do 6.º ano (portanto com 11 anos), foi navegando no programa e, às tantas, descobriu uns testes para avaliação dos conhecimentos adquiridos. E deparou-se com a seguinte questão: "Qual o país que possui o regime mais autoritário do Mundo, cujo líder já mandou matar várias pessoas"? Sendo teste com várias respostas, as alternativas eram a Coreia do Norte, a China e Cuba! Sendo que a resposta considerada certa era a Coreia do Norte.
Não o experimentei, mas talvez se a escolha fosse uma das outras alternativas, aparecesse um emoji sorridente a dizer, "também tens razão". Ou talvez já exista uma nova versão do programa onde, para além desses três países, tenham acrescentado a Venezuela e o Irão. Francamente, o que acrescentam esta pergunta e estas respostas ao processo educativo de crianças desta idade?! Quem foi o emérito pedagogo que teve este lampejo de criatividade? Como deixou a Porto Editora passar isto?
Por isso, quando vemos os sujeitos da direita mais radical a bradarem contra o "marxismo cultural", o que pretendem não é mais do que esconder o que verdadeiramente defendem. Que mais não é do que lançar as sementes do ódio, procurando inculcar nas crianças, que naturalmente ainda não têm espírito crítico, os piores conceitos dos tempos da Guerra Fria. Intolerável!
Engenheiro