Barcelos, Capital Mundial da Saúde Mental
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Barcelos é, desde 2023, a primeira Capital Mundial da Saúde Mental, estatuto que irá manter até 2026. Mais do que um título – atribuído pela Federação Mundial de Saúde Mental – esta é uma responsabilidade sem paralelo e um reconhecimento da tradição secular do nosso município nesta área, protagonizada pelo trabalho desenvolvido pelo Instituto S. João de Deus.
Foi neste contexto que o Parlamento Europeu acolheu, na semana passada, a Conferência “Barcelos – 1.ª Capital Mundial da Saúde Mental”. Uma iniciativa de grande importância, designadamente por visar a criação de uma plataforma de diálogo entre cidades, universidades, organizações internacionais, empresas e instituições governamentais. O objetivo último é promover a implementação de políticas públicas e programas de apoio à saúde mental.
Se a comunidade científica é, hoje, unânime em reconhecer que a saúde física e a saúde mental são interdependentes, cabe à comunidade política a responsabilidade de garantir a existência de respostas integradas de saúde que garantam o acesso universal àquelas duas dimensões de cuidados.
Os estudos demonstram que os problemas associados à saúde mental – sobretudo os altos índices de ansiedade e depressão – apresentam uma prevalência bastante significativa, sendo Portugal o segundo país onde ela é mais elevada no contexto da União Europeia. Uma realidade que compromete o desenvolvimento emocional e intelectual dos mais jovens, a produtividade dos adultos e a qualidade e esperança de vida dos idosos, refletindo-se – em todos eles – num aumento substancial do risco de doenças físicas.
Consciente dos importantes custos sociais e económicos desta realidade – bem como do papel que cabe às autarquias na dinamização e, sobretudo, no apoio às instituições dos seus territórios – o Município de Barcelos elaborou, em colaboração com diferentes entidades do concelho, um plano de ação no domínio da saúde mental.
Deste projeto resultou já a criação da primeira Rede Municipal de Saúde Mental do país, constituída por 70 instituições privadas, públicas, institutos e empresas, no sentido criar respostas mais eficazes e abrangentes para as necessidades existentes. Designadamente para as famílias e cuidadores informais – o chamado “doente oculto” – que enfrentam, diariamente, imensos desafios.
Simultaneamente, o município está a trabalhar no incentivo e apoio à criação de uma academia destinada à formação e à investigação na área da saúde mental.
Este é um trabalho em rede, que faz de Barcelos um “modelo para todo o Mundo”, conforme palavras do presidente da Federação Mundial de Saúde Mental, o japonês Tsuyoshi Akiyama. Um exemplo de boas práticas que resultou já no anúncio da criação de uma Rede Europeia de Saúde Mental, feito na conferência realizada em Bruxelas. Porque não há saúde sem saúde mental. E porque mentes saudáveis criarão, certamente, um Mundo melhor.