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A partilha veio da Sofia, amiga que tem enfrentado dias difíceis devido à precariedade no trabalho que encontrou no jornalismo. Mas não veio em termos de queixa. Veio como desconforto. Na caixa do correio da Sofia, outra mulher deixou um bilhete, com letra redondinha, a pedir trabalho sem pedir. Ou seja, dizia que se a Sofia precisar de alguém para ajudar na limpeza de casa ou escadas, ela estava disponível depois das 16 horas, porque é funcionária numa escola. Tem trabalho, mas o dinheiro é pouco, há que procurar outras soluções. A Sofia não foi isso que a alertou no bilhete. No final da mensagem, lê-se “sou portuguesa”, frase que ganha peso porque se fala de pessoas que vivem em Lisboa, a capital onde ser estrangeiro parece ser merecedor de “repulsa”, como se Portugal não fosse um país de emigrantes. A intolerância anda aí. Estejamos atentos. Obrigada, Sofia.