O ramal da Alfândega, no Porto, permitia a ligação ferroviária entre o Edifício da Alfândega, na marginal fluvial da cidade, em pleno casco histórico, e a Estação de Campanhã, garantindo o escoamento das mercadorias que, durante anos, por ali entravam.
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Com a adesão à CEE, a Alfândega deixou de o ser, o que levou à desativação do ramal em 1989. Como era apenas destinado a mercadorias e está encerrado há 30 anos, muitos não o conhecem nem imaginam que, em túnel, passa por baixo do "velho casario" do centro histórico do Porto até ver a luz do dia na zona das Fontainhas.
A Câmara do Porto, e muito bem, face ao abandono do mesmo e ao potencial do seu aproveitamento pela cidade (apesar de quase metade dos seus 3,1 quilómetros ser feito em túnel íngreme), acordou com a empresa Infraestruturas de Portugal (IP) que o ramal passaria para a gestão do município durante os próximos 25 anos. E, também muito bem, anunciou que iria apresentar duas propostas de aproveitamento do ramal, sendo uma de transporte público e outra através de uma ecopista. Propostas essas que apresentaria à cidade para discussão antes da decisão. Um processo que só podia merecer elogios!
Mas, infelizmente, o protocolo subscrito com a IP estabelece que a cedência do ramal se destina ao seu uso exclusivo por uma ecopista. E a Câmara anuncia que vai gastar 900 mil euros na sua construção a título "provisório, enquanto não tem os estudos das duas alternativas prontos". Ou seja, a opção da utilização do ramal como um canal de transporte público moderno fica "ferido de morte"... Tenho pena que a Câmara (que procurará inaugurar esta ecopista provisório-definitiva a tempo das autárquicas de 2021) ponha em causa o plano que apresentou, cedendo a impulsos eleitoralistas...
Engenheiro